Rússia celebra Dia do Soldado Desconhecido com tributo à memória militar

Data marcada por homenagem nacional lembra soldados cujos nomes permaneceram desconhecidos. Governo russo reforçou ações do país para preservar monumentos e registros históricos do combate contra o nazismo.

O Ministério das Relações Exteriores da Rússia divulgou nesta quarta-feira (3), em seu canal oficial no Telegram, uma nota marcando o Dia do Soldado Desconhecido, comemorado anualmente em 3 de dezembro. A data homenageia "todos os soldados que pereceram pela Pátria, cujos nomes permanecem desconhecidos".

Segundo o comunicado, a origem da homenagem remete a 1966, quando, no aniversário de 25 anos da derrota das tropas nazistas nos arredores de Moscou, foi realizado o sepultamento solene dos restos mortais de um soldado desconhecido no Jardim de Alexandre, próximo ao Kremlin.

O corpo havia sido encontrado em uma vala comum no quilômetro 41 da Rodovia Leningrado, área de intensos combates entre o Exército Vermelho e tropas alemãs durante a Batalha de Moscou, entre novembro e dezembro de 1941.

Na cerimônia de 3 de dezembro de 1966, o caixão foi conduzido por um veículo blindado pela então Rua Gorky (hoje Rua Tverskaya) até o local do enterro, "sob o som da marcha militar", informa a nota. No Jardim de Alexandre, autoridades soviéticas e os marechais Georgy Zhukov e Konstantin Rokossovsky receberam os restos mortais.

História

O Túmulo do Soldado Desconhecido foi inaugurado em 8 de maio de 1967 como conjunto memorial. De acordo com jornais soviéticos da época, "ele pereceu por sua Pátria e por sua cidade natal, Moscou. É tudo que sabemos sobre ele". A lápide de granito traz a inscrição: "Teu nome é desconhecido. Tua façanha é imortal". Ao lado do monumento, foi acesa a Chama Eterna. Rokossovsky declarou que o túmulo "imortalizará os gloriosos heróis que pereceram nos campos de batalha pela Pátria".

O comunicado afirma que cerca de dois milhões de cidadãos soviéticos e russos foram dados como desaparecidos em ação nos conflitos dos séculos 20 e 21. O Ministério da Defesa da Rússia mantém operações regulares de busca para "perpetuar a memória dos heróis".

Tentativas de alterar a história

Diplomatas russos no exterior também atuam na preservação de monumentos e sepulturas militares, além de combater tentativas de "distorcer a história da Segunda Guerra Mundial".

A nota ressalta que, em alguns países do Leste Europeu, como Estônia, Letônia, Lituânia e Polônia, ocorre o que classifica como uma política de "vandalismo estatal" contra monumentos soviéticos, incluindo a profanação de sepulturas e a "exumação bárbara" de restos mortais. Segundo o texto, registros e imagens de monumentos e túmulos vêm sendo reunidos no portal "Mesto Pamyati" ("Um Lugar para a Memória"), com apoio de cidadãos russos e europeus.

Bruxelas e o preço da liberdade

Diplomatas da Missão Permanente da Rússia junto à União Europeia depositaram flores, nesta quarta-feira (3), no cemitério de Evere, em Bruxelas, em homenagem aos cidadãos soviéticos mortos no combate ao nazismo, segundo nota divulgada pelo Ministério das Relações Exteriores da Rússia.

O texto afirma que os túmulos e memoriais de soldados, prisioneiros de guerra e vítimas de campos de concentração "permanecem testemunhas silenciosas de uma imensa tragédia e de um heroísmo excepcional", lembrando à população europeia "o preço que foi pago pela liberdade".

A chancelaria declarou ainda que, em alguns países europeus, "os sacrifícios feitos por nossos avós e bisavós estão sendo esquecidos".

Na publicação, o governo russo ressaltou que Moscou "não permitirá que a história seja reescrita", mantendo o compromisso de preservar a memória dos que "deram suas vidas para libertar a Europa da 'praga marrom'", em referência à cor do uniforme dos soldados nazistas.