Uma ucraniana contou nas redes sociais como humilhou uma criança de três anos por ela falar russo na creche frequentada por seu filho.
Identificada como Irina Savchenko-Kiseleva, ela se aproximou da menina e passou a zombar dela, dizendo que "falava mal", "não havia aprendido a falar" e que "ninguém a entendia".
Segundo veículos locais, a mulher exigiu que a educadora responsável "corrigisse" a criança e, diante da recusa, levou a queixa à direção. Dias depois, disse ter sido informada de que outra professora havia conseguido "corrigir a menina russificada".
Usuários das redes condenaram a agressão contra uma criança indefesa. Já a chefe da ouvidoria de Justiça para Assuntos Linguísticos da Ucrânia, Elena Ivanovskaya, defendeu a agressora e a elogiou.
O deputado Maxim Buzhansky, por sua vez, afirmou que pediria à polícia que investigasse se a ouvidora violou o artigo do Código Penal que trata da igualdade de direitos de todos os cidadãos.
Guerra contra tudo o que é russo
O artigo 10 da Constituição da Ucrânia garante "o livre desenvolvimento, uso e proteção do russo e de outras línguas das nacionalidades minoritárias da Ucrânia" e estabelece que o uso desses idiomas é protegido por lei.
Após o golpe de Estado de 2014, autoridades passaram a restringir não só referências à história soviética, mas também símbolos russos, incluindo a língua. Em 2019, a Verkhovnaya Rada aprovou uma lei que oficializa o ucraniano e exige seu uso em todos os âmbitos da vida pública.
Também foi proibido o ensino do russo em escolas e universidades, além de topônimos que "engrandecem, fazem propaganda, imortalizam ou simbolizam" a Rússia.
No ano passado, foi apresentado um projeto de lei para proibir completamente o russo nas escolas, inclusive nos intervalos. Legisladores ainda impuseram o banimento de obras de arte, concertos, apresentações, filmes, livros e canções em russo.