
Vice-presidente da Venezuela oferece detalhes do 'roubo de Citgo' por facções 'a serviço' dos EUA

A vice-presidente venezuelana, Delcy Rodríguez, ofereceu nesta terça (2) detalhes sobre o que chamou de processo de apropriação ilícita da Citgo Petroleum, filial da estatal Petróleos da Venezuela (PDVSA), no qual, segundo Caracas, estão envolvidos setores "a serviço" de Washington.
Rodríguez afirmou que o governo da Venezuela "rejeita energicamente" a decisão judicial que autorizou a "venda forçada" da Citgo nos Estados Unidos. Ela classificou a medida como "um despojo vulgar e bárbaro" de um ativo venezuelano em território norte-americano, realizado por meio de "um processo fraudulento".
🔴 #AHORA | Venezuela rechazó la venta de Citgo, calificándola como un “bárbaro despojo de un activo venezolano en territorio estadounidense”La vicepresidenta Delcy Rodríguez aseguró que el proceso judicial que autorizó la operación es “fraudulento” y "viola los derechos del… pic.twitter.com/SN2EqsAQFQ
— El Cooperante (@El_Cooperante) December 2, 2025
Rodríguez lembrou que a Citgo "é um valioso ativo da PDVSA que o governo dos EUA pretende espoliar, instrumentalizando um processo judicial claramente contrário à lei".
Processo sem garantias
A esse respeito, a vice-presidente detalhou que "o governo da Venezuela e a PDVSA foram intencionalmente excluídos do processo, graças ao tráfico de influência do governo dos EUA sobre os tribunais daquele país, impedindo-os de exercer o direito à defesa, sob a grosseira desculpa de desconhecimento do legítimo governo venezuelano". Segundo ela, o objetivo seria atender aos interesses da Casa Branca em "roubar ativos estratégicos" da nação sul-americana.

"A Venezuela reitera que não reconhece nem reconhecerá a venda forçada da Citgo, realizada em flagrante desrespeito às garantias e liberdades econômicas, ao devido processo legal e ao direito à defesa, garantidos por qualquer nação civilizada", adverte o documento revisado em público pela vice-presidente.
Caracas reafirmou que "continuará a adotar todas as medidas ao seu alcance para garantir que os promotores e executores da expropriação da Citgo respondam perante a justiça e sejam impostas as responsabilidades civis e penais correspondentes pela perda deste ativo propriedade do povo venezuelano, incluindo a responsabilidade internacional de entidades estrangeiras que se prestaram a esta expropriação".
Cúmplices internos
Por outro lado, Rodríguez afirmou que "a venda forçada da Citgo constitui um novo episódio da agressão multiforme" promovida pelos EUA contra a Venezuela, perpetrada "em cumplicidade" com líderes da ala extremista da oposição venezuelana.
Assim, afirmou, participaram dessa operação de desapropriação os líderes María Corina Machado, Edmundo González Urrutia, Julio Borges, Carlos Vecchio e José Ignacio Hernández, bem como o que chamou de "grupo de delinquência organizada [...] Assembleia Nacional de 2015".
🔴 #AHORA | El Gobierno afirmó que la venta de Citgo forma parte de una “agresión multiforme ejecutada desde Estados Unidos contra Venezuela, en complicidad —según señala— con María Corina Machado, Edmundo González Urrutia, Juan Guaidó, Julio Borges, Carlos Vecchio, José Ignacio… pic.twitter.com/BSgs53e8GP
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Este grupo político, apontou, "pretendeu usurpar a representação da República e suas entidades no exterior, para deixar a Venezuela sem qualquer defesa diante do roubo descarado".
Para alcançar esses objetivos contrários aos interesses do Estado venezuelano, também foi necessária a participação de uma suposta diretoria "ad hoc" da Citgo, que usurpou funções e causou danos duradouros à Venezuela, composta, em diferentes momentos, por Luisa Palacios, Carlos Ordaz, Edgar Rincón, Luis Urdaneta, Ángel Olmeta e Andrés Eloy Padilla, Jack Lin, Sam Willem, Luis Giusti e José Ramón Pocaterra.
"Este caso ficará na história como prova evidente e patética de que, no território dos EUA, não são respeitados nem garantidos os investimentos estrangeiros, que podem ser objeto de apropriações ilícitas a qualquer momento sob subterfúgios rebuscados", destacou a ministra de Hidrocarbonetos da Venezuela. Acrescentou que o país sul-americano conta com os mecanismos adequados para processar judicialmente aqueles que participaram dessa ação lesiva contra o erário público.
Histórico de roubos
Rodríguez ainda chamou a atenção para a atuação da Justiça norte-americana no que diz respeito à entrega da Citgo a "um fundo abutre [...] registrado nos 'lobbies' que são feitos nas campanhas eleitorais e nas eleições” dos EUA e figura como "financiador de um alto funcionário do atual governo dos EUA".
Ele ressaltou ainda que se trata de um ativo "cujo valor ascende a US$ 12 bilhões" e que gera dividendos da ordem de US$ 4 a 5 bilhões por ano, dos quais o povo venezuelano foi privado, uma vez que, desde 2019, a lucrativa empresa é controlada — com a permissão dos EUA — por agentes do setor extremista da oposição venezuelana.
Assim, ele apontou que, desde 2019 até hoje, esse grupo acumulou dividendos "aproximados em 24 bilhões de dólares". "O que fizeram com esse dinheiro? Roubaram?", afirmou, para depois mencionar que o julgamento realizado nos EUA demonstrou que aqueles que controlam a empresa venezuelana "davam dinheiro a Juan Guaidó", bem como à pretensa "presidente" da Assembleia Nacional de 2015, Dinorah Figuera.
"Eles estavam lá. Para quê mais? Para roubar, para desestabilizar a Venezuela", por meio do financiamento de ações violentas no país sul-americano, afirmou, acrescentando que tudo isso foi autorizado pelo governo dos EUA.
"Foi um plano elaborado nos EUA para roubar os ativos da Venezuela e desacreditar o governo legítimo, desacreditar o procurador-geral da república", enfatizou, para depois insistir que esse setor político insiste em sua ânsia de prometer aos EUA que lhes entregará "as maiores reservas de petróleo do mundo, as maiores reservas de gás do planeta, ouro e minerais".
"É o que prometeram e querem alcançar o poder político para concretizar esses planos", acrescentou.

