Kremlin: Rússia quer resolver conflito na Ucrânia 'para muitas gerações'

Vladimir Putin e Steve Witkoff se reunirão nesta terça-feira em Moscou para discutir o plano de paz para a Ucrânia.

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, revelou detalhes sobre a reunião que o presidente russo, Vladimir Putin, terá daqui a algumas horas nesta terça-feira (2) em Moscou com o enviado especial da Casa Branca, Steven Witkoff.

Peskov indicou que Putin e Witkoff abordarão os acordos alcançados entre Washington e Kiev nas consultas realizadas no último domingo (30). O porta-voz destacou também que Moscou valoriza muito os esforços do governo do presidente norte-americano, Donald Trump, para resolver o conflito ucraniano.

Peskov também reiterou que a Rússia está aberta a negociações de paz, embora seja preciso alcançar os objetivos estabelecidos no âmbito da operação militar especial, acrescentando que seu país deseja resolver o conflito "para muitas gerações futuras".

O presidente russo receberá Witkoff em meio ao avanço das Forças Armadas da Rússia na operação militar especial. Durante sua visita a um posto de comando, Putin declarou, neste domingo (30), que a iniciativa em toda a linha de frente é totalmente russa e que "estão aumentando a pressão".

Durante a reunião com os comandantes militares, o presidente destacou que "várias localidades importantes" estão sob o controle da Rússia, e que estas são "fundamentais" para as futuras operações de libertação do território controlado pelo inimigo. Trata-se da libertação de duas cidades estratégicas: Krasnoarmeisk, na República Popular de Donetsk, e Volchansk, na província de Kharkov.

"Mais trabalho a fazer"

O encontro entre Putin e Witkoff ocorre após as conversas que as delegações dos EUA e da Ucrânia mantiveram na Flórida no último domingo (30). O secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, declarou que as negociações foram produtivas, embora tenha assinalado que ainda há trabalho a fazer.

"Não se trata apenas dos termos que acabam com as hostilidades. Também se trata dos termos que garantem a prosperidade a longo prazo da Ucrânia... Acho que estamos avançando nessa direção hoje, mas ainda há trabalho a ser feito", declarou o secretário a jornalistas.

Além de Rubio e Witkoff, Jared Kushner, genro do presidente dos EUA Donald Trump, também participou das negociações pelo lado americano. Do lado ucraniano, a condução da delegação sofreu mudanças recentes após a destituição de Andrey Yermak, afastado em meio a um megaescândalo de corrupção. Com a saída de Yermak, a chefia do grupo negociador passou ao secretário do Conselho de Segurança e Defesa Nacional da Ucrânia, Rustem Umerov.

Witkoff é considerado o principal autor da proposta inicial de 28 pontos, que foi parcialmente modificada durante as consultas com a parte ucraniana realizadas no dia 23 de novembro na cidade suíça de Genebra e que continuaram no domingo na Flórida. O texto original do plano, fortemente criticado pelos países europeus, ignorava algumas das principais exigências de Kiev, incluindo sua recusa em ceder o Donbass e a aspiração de se unir à OTAN. Incluía também algumas oportunidades comerciais para a Rússia fazer negócios com os EUA.

Entenda o teor do plano de paz proposto por Trump.