Dados-chave mostram Venezuela entre os países com mais recursos estratégicos

Autoridades venezuelanas afirmam que as agressões dos EUA no Caribe têm como objetivo se apropriar das riquezas naturais do país.

A Venezuela tem sido clara desde o início do cerco militar norte-americano: o que alimenta as agressões dos Estados Unidos no Caribe é o interesse em se apropriar das "imensas riquezas e recursos naturais" venezuelanos por meio de uma "troca de regime".

Desde setembro, o país, com localização estratégica como porta de entrada para a América do Sul, se tornou um dos principais alvos de Washington. O governo de Donald Trump acusa o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, de supostamente liderar organizações internacionais de tráfico de droga, sem apresentar qualquer prova.

A acusação vem acompanhada de uma mobilização militar no Caribe, com apoio de alguns países da região que são hostis à Venezuela, como Trinidad e Tobago. Além disso, também há sobrevoos de aviões de combate norte-americanos a poucos quilômetros do litoral venezuelano, e acusações incendiárias da Casa Branca, que deixam a situação em aberto.

Em meio à ofensiva norte-americana, há consenso entre as principais autoridades venezuelanas ao afirmar que a nova ofensiva tem como objetivo final "roubar" os recursos energéticos estratégicos do país. Diante dessa avaliação, vale observar os números que colocam a Venezuela no topo das nações com maiores reservas estratégicas, tanto pela quantidade quanto pela relevância para atender a demanda energética global.

Petróleo

A Venezuela é considerada uma "grande potência energética". O país possui as maiores reservas conhecidas de petróleo no mundo, segundo dados do Ministério de Hidrocarbonetos. Hoje, o volume estimado é de 303,806 bilhões de barris.

A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) tem números parecidos. A entidade, da qual a Venezuela é membro fundador, estima que o país tenha 24,43% das reservas globais, cerca de 303,2 bilhões de barris.

A exploração de petróleo no país começou em 1922, na Costa Oriental do Lago de Macaraíbo, no estado de Zulia. Em 1936, foi descoberta a Faixa Petrolífera do Orinoco, em Anzoátegui, área que seria nacionalizada em 2007 durante o governo de Hugo Chavez.

A Faixa Petrolífera do Orinoco "Hugo Chávez" cobre 55.314km², concentrando 87% das reservas de petróleo venezuelanas e 21,3% do mundo, segundo a PDVSA.

Gás natural

A Venezuela ocupa o oitavo lugar global em reservas de gás natural, que chegam a 200,3 trilhões de pés cubicos normais, de acordo com o Ministério de Hidrocarbonetos do país. Caso sejam reconhecidos também mais cerca de 50 blocos de gás ao norte, a Venezuela passaria a deter a quarta maior reserva global.

O país, cuja estatal petrolífera foi uma das empresas sancionadas pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos, registrou uma queda de 87% na produção entre 2015 e 2020. A média diária caiu de 2,4 milhões de barris para 339 mil barris em junho de 2020. A cada 100 dólares em receitas externas, a Venezuela deixou de receber 99 ao longo dos últimos sete anos.

Como parte do esforço para retormar a produção e diversificar suas exportações de energia, o governo espera exportar sua primeira carga de gás natural em 2027, conforme antecipado em diferente ocasiões pela vice-presidente e ministra de Hidrocarbonetos, Delcy Rodríguez.

Ouro e outros minerais

A Venezuela possui 48 tipos de minerais, entre metálicos e não metálicos, usados como matéria prima em diversos setores industriais, tecnológicos e produtivos ao redor do mundo.

Entre os metais mais relevantes para o país estão o ouro, ferro, bauxita, níquel, cobre, molibdênio, galena, magnésio, manganês, mercúrio, prata, chumbo, zinco, titânio, tungstênio, cromo, coltã e vanádio.

Já entre os não metálicos, os mais relevantes são argilas brancas, areias sílicas, asbesto, barita, bentonita, calcário dolomítico, gesso, calcários, caulim, carvão, cianita, quartzo cristalino, quartzo e quartzito, diamante, diatomita, dolomita, feldspatos, fosfatos, grafite, granito, ilmenita, magnesita, mármore e calcário, mica, sal, talco e turfa.

Segundo o Conselho Mundial do Ouro, a Venezuela produziu em 2024 um total de 30,6 toneladas, sem considerar o potencial aurífero do Arco Minero, no estado de Bolívar.

O Arco Minero do Orinoco é uma área de desenvolvimento estratégico com 111.843km², onde há minerais como coltã, bauxita, granito, diamante, quartzo, ouro e ferro, de acordo com o Ministério de Desenvolvimento Mineiro.

No local, também há reservas de terras raras, ricas em minerais usados na fabricação de tecnologias avançadas, como reatores nucleares, lasers, baterias de alto desempenho, combustíveis e até sistemas de filtragem de radiação.