O secretário de Guerra dos EUA, Pete Hegseth, publicou uma imagem controversa de um personagem infantil transformado em atirador atacando embarcações suspeitas de tráfico de drogas, em meio a ofensivas aéreas americanas no Caribe e no Pacífico, ações que Caracas denuncia como uma agressão destinada a se apoderar dos recursos da Venezuela.
Hegseth usou sua conta pessoal no X para divulgar uma versão militarizada da série infantil "Franklin, a Tartaruga", intitulada "Franklin Ataca Narcoterroristas".
A imagem mostra a tartaruga na porta de um helicóptero, segurando o que parece ser um lançador de mísseis da era soviética e disparando contra pequenas embarcações suspeitas de transportar drogas.
"Para a sua lista de desejos de Natal", escreveu o chefe do Pentágono na legenda, em referência ao Comando Sul dos EUA.
A publicação veio após reportagem do Washington Post afirmar que Hegseth deu uma ordem verbal para "matar todos eles" durante um ataque dos EUA ao que Washington classificou como "navio de drogas" no Caribe, em 2 de setembro.
Cronologia dos ataques
- Em agosto, os Estados Unidos enviaram navios de guerra, um submarino, caças e tropas para a costa da Venezuela, alegando sua suposta disposição em combater o narcotráfico. Desde então, foram realizados vários bombardeios a supostas lanchas com drogas no mar do Caribe e no Oceano Pacífico, deixando dezenas de mortos.
- Washington acusou Maduro, sem provas ou fundamentação, de liderar um suposto cartel de drogas. As mesmas acusações infundadas foram feitas contra o presidente colombiano Gustavo Petro, que condenou os ataques mortais contra embarcações nas águas da região.
- Em meados de outubro, o presidente dos EUA, Donald Trump, admitiu ter autorizado a CIA a realizar operações secretas em território venezuelano. Em resposta, Maduro perguntou: "Alguém acredita que a CIA não opera na Venezuela há 60 anos?" "Alguém acredita que a CIA não conspira contra o comandante [Hugo] Chávez e contra mim há 26 anos?", perguntou ele.
- As ações e pressões de Washington foram classificadas por Caracas como uma agressão, que questiona a real razão por trás das operações.
- O alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, condenou os bombardeios realizados pelos EUA contra pequenas embarcações, supostamente para combater o narcotráfico, que resultaram em mais de 60 mortos. Especialistas e governos classificaram os ataques como execuções extrajudiciais. As ações e pressões de Washington foram classificadas por Caracas como uma agressão, que questiona a real razão por trás das operações.
- Os bombardeios também foram criticados pelos governos de países como Colômbia, México e Brasil, bem como por peritos da ONU, que afirmaram tratar-se de "execuções sumárias", em violação ao que consagra o direito internacional.