OTAN se prepara para confrontar a Rússia com apoio limitado dos Estados Unidos, diz Bloomberg

Cortes no contingente norte-americano levaram aliados europeus a reforçar preparativos para suposto eventual confronto com Moscou.

A Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) tem intensificado discussões internas sobre sua capacidade de resposta militar após a decisão dos Estados Unidos de reduzir o número de tropas em países do leste europeu. A informação foi divulgada neste domingo (30) pela Bloomberg.

De acordo com a agência, Washington iniciou a retirada parcial de seus militares na Romênia, que abriga diversas bases da aliança, diminuindo o contingente de 1,7 mil para cerca de mil efetivos.

Movimentos semelhantes são esperados na Bulgária, Eslováquia e Hungria. A medida, segundo a Bloomberg, foi coordenada pelo secretário de Guerra dos EUA, Pete Hegseth, com o secretário-geral da OTAN, Mark Rutte, e com governos aliados.

Os ajustes ocorrem durante o que a agência descreve como um processo de "aproximação" entre Washington e Moscou. 

A Rússia deve receber, em 1º de dezembro, o enviado especial de Donald Trump, Steve Witkoff, para discutir o plano de paz proposto pela Casa Branca.

Washington pressiona por um fim do conflito na Ucrânia e chegou a ameaçar suspender o apoio militar restante a Kiev, o que, segundo a Bloomberg, levantou a possibilidade de que potências europeias precisem assumir maior responsabilidade na defesa ucraniana e da fronteira oriental da aliança.

A Bloomberg destaca ainda dúvidas internas sobre a capacidade europeia de suprir lacunas deixadas pelos EUA. Entre os pontos críticos, estão limitações logísticas e a forte dependência dos aliados dos chamados "facilitadores estratégicos" norte-americanos, como defesa aérea, ataques de precisão de longo alcance e inteligência.

Segundo a agência, autoridades europeias vêm tentando convencer Washington, "arduamente" e a portas fechadas, a reconsiderar os cortes. Para Iulia Joja, diretora do programa do Mar Negro do Middle East Institute, "é a primeira vez nos últimos 70 anos que os europeus deixam de receber as garantias de segurança dos EUA dessa forma".