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Trump responde se seu anúncio sobre a Venezuela significa 'um ataque aéreo iminente'

"Não interpretem isso de forma alguma", respondeu o presidente dos Estados Unidos quando questionado sobre o assunto.
Trump responde se seu anúncio sobre a Venezuela significa 'um ataque aéreo iminente'Gettyimages.ru / Pete Marovich

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, foi questionado por jornalistas neste domingo (30) sobre o anúncio feito no dia anterior a respeito do fechamento do espaço aéreo venezuelano.

"Seu alerta significa que um ataque aéreo é iminente, ou não devemos interpretá-lo dessa forma?", perguntou uma repórter a bordo do Air Force One.

"Não interpretem isso de forma alguma", respondeu o presidente, sem maiores comentários.

No sábado (29), o presidente dos norte-americano pediu a todas as "companhias aéreas, pilotos, narcotraficantes e traficantes de pessoas" que considerassem o espaço aéreo "sobre e ao redor da Venezuela" completamente fechado.

Reações

A medida provocou forte rejeição em Caracas, que a descreveu como uma "agressão imoral que representa uma ameaça à soberania e à segurança de nossa pátria, do Caribe e do norte da América do Sul".

A vice-presidente venezuelana, Delcy Rodríguez, declarou que o governo de Nicolás Maduro tomou as medidas necessárias para lidar com os problemas decorrentes do anúncio de Trump.

O ministro da Defesa da Venezuela, Vladimir Padrino López, afirmou que seu país defenderá sua soberania "a qualquer custo".

"Essa ameaça do governo dos Estados Unidos é uma agressão ilegal e arbitrária, contrária ao direito internacional, que busca violar a soberania absoluta do nosso espaço aéreo", escreveu Padrino López em seu canal no Telegram, afirmando que "nenhuma potência estrangeira tem autoridade para interferir, bloquear ou condicionar as decisões soberanas da Venezuela".

Maduro denuncia ameaça de invasão

No início de novembro, o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, denunciou a atual presença militar dos EUA no Caribe, a maior em décadas, classificando a ação como uma ameaça de invasão e um ataque à soberania da Venezuela. Maduro afirmou que o objetivo final dessa agressão é controlar os vastos recursos naturais do país. Em um encontro com jovens, o mandatário pediu que expressem seu apoio à ideia de que "a república deve ser livre e independente para sempre" e que a juventude "deve ser rebelde".

O presidente também alertou para o "ressurgimento" da Doutrina Monroe, que, segundo ele, visa forçar uma "mudança de regime" na região. Maduro criticou o deslocamento militar no Mar do Caribe, que inclui "porta-aviões de última geração, destróieres de mísseis e submarinos nucleares", argumentando que ele está sendo realizado sob o falso pretexto de eufemismos como "segurança" ou "combate ao narcotráfico".

Em resposta, Maduro exaltou "a Doutrina Bolivariana em defesa da independência, unidade e emancipação de nossos povos" e instou os líderes latino-americanos a se unirem para "exigir a cessação imediata dos ataques e ameaças militares".

Falso pretexto da luta contra o narcotráfico

Diante das acusações dos Estados Unidos, as autoridades venezuelanas articularam uma resposta unificada que rejeita o quadro de confronto bilateral e denuncia que se trata de uma campanha de agressão multilateral. Maduro classificou as ações de Washington como uma campanha de difamação e afirmou que essa estratégia busca manchar a imagem da Venezuela e de sua revolução como pretexto para agressões, algo que "já fizeram muitas vezes".

O presidente venezuelano explicou repetidamente que as agressões dos EUA contra a Venezuela visam "mudar o regime" no país e se apropriar de sua "imensa riqueza petrolífera".

Cronologia dos ataques

  • Em agosto, os Estados Unidos enviaram navios de guerra, um submarino, caças e tropas para a costa da Venezuela, alegando sua suposta disposição em combater o narcotráfico. Desde então, foram realizados vários bombardeios a supostos lanchas com drogas no mar do Caribe e no Oceano Pacífico, deixando dezenas de mortos.
  • Washington acusou Maduro, sem provas ou fundamentação, de liderar um suposto cartel de drogas. As mesmas acusações infundadas foram feitas contra o presidente colombiano Gustavo Petro, que condenou os ataques mortais contra embarcações nas águas da região.
  • Em meados de outubro, o presidente dos EUA, Donald Trump, admitiu ter autorizado a CIA a realizar operações secretas em território venezuelano. Em resposta, Maduro perguntou: "Alguém acredita que a CIA não opera na Venezuela há 60 anos?" "Alguém acredita que a CIA não conspira contra o comandante [Hugo] Chávez e contra mim há 26 anos?", perguntou ele.
  • As ações e pressões de Washington foram classificadas por Caracas como uma agressão, que questiona a real razão por trás das operações.
  • O alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, condenou os bombardeios realizados pelos EUA contra pequenas embarcações, supostamente para combater o narcotráfico, que resultaram em mais de 60 mortos. Especialistas e governos classificaram os ataques como execuções extrajudiciais. As ações e pressões de Washington foram classificadas por Caracas como uma agressão, que questiona a real razão por trás das operações.
  • Os bombardeios também foram criticados pelos governos de países como ColômbiaMéxico e Brasil, bem como por peritos da ONU, que afirmaram tratar-se de "execuções sumárias", em violação ao que consagra o direito internacional.