
Suíça decide não aderir a sanções da UE contra bancos chineses acusados de relação com a Rússia

A Suíça optou por não incorporar integralmente o 19º pacote de sanções da União Europeia (UE) contra a Rússia, deixando de aplicar punições a duas instituições financeiras chinesas, informou o portal suíço NZZ no sábado (29).

O governo justificou que nenhuma empresa suíça mantém atualmente relações comerciais com esses bancos. No entanto, documentos e relatos divulgados pelo portal indicam que as negociações em curso com Pequim para modernizar o acordo de livre-comércio pesaram de forma decisiva na escolha.
A matéria explica que, segundo a União Europeia, os dois bancos chineses foram alvo de restrições por supostamente ajudarem Moscou a contornar sanções impostas desde 2022. Embora o governo suíço geralmente acompanhe as medidas europeias, desta vez o Conselho Federal rompeu o padrão.
Ainda de acordo com o jornal, o Departamento Federal de Economia (WBF) inicialmente pretendia seguir todas as decisões europeias. Um rascunho interno, citado na publicação, mostrava que o órgão reconhecia riscos para o setor financeiro e para as relações bilaterais, mas priorizava o combate à evasão das sanções.
A orientação mudou após o Ministério das Relações Exteriores alertar para possíveis impactos sobre as tratativas com a China, consideradas economicamente estratégicas. A intervenção levou o governo a recuar.
Reações internas e externas
De acordo com o NZZ, A decisão provocou reação imediata no cenário político interno. O deputado socialista Fabian Molina acusou o Conselho Federal de adotar uma postura "excessivamente complacente" com Pequim e de enfraquecer a política de sanções europeia.
Já representantes do Partido Liberal defenderam o movimento como um uso legítimo da autonomia suíça, afirmando que o país "não deve seguir automaticamente cada decisão vinda de Bruxelas".
A repercussão chegou na Alemanha. Em Berlim, o parlamentar social-democrata Markus Töns afirmou, segundo o NZZ, que as democracias europeias precisam atuar "de forma coesa" nas sanções contra a Rússia, embora tenha admitido que fatores econômicos influenciam todos os países.
Töns avaliou que uma retaliação chinesa seria improvável, mas destacou que Pequim vem se mostrando "cada vez mais assertiva", o que segundo ele aumenta o risco de estados menores serem pressionados em disputas geopolíticas.

