O presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Jorge Rodríguez, anunciou neste domingo (30) a criação de uma comissão especial para investigar o assassinato de venezuelanos nas águas do Mar do Caribe supostamente cometidos pelas forças militares dos Estados Unidos.
"Informamos que, amanhã, segunda-feira, convocaremos uma sessão extraordinária da Assembleia Nacional para propor a formação de uma comissão especial de deputados para investigar os graves acontecimentos que levaram ao assassinato de venezuelanos nas águas do Mar do Caribe", declarou Rodríguez após uma reunião com as famílias das vítimas.
Suposta ordem de "matar todos"
Em 28 de novembro, o jornal The Washington Post noticiou, citando fontes, que o secretário de Guerra norte-americano Pete Hegseth deu uma ordem verbal de "matar todos" no primeiro ataque dos EUA ao que Washington chama de "narco-barco" no Mar do Caribe, que ocorreu em 2 de setembro.
Durante minutos, os comandantes observaram a embarcação em chamas através de uma transmissão ao vivo de um drone. Quando a fumaça se dissipou, depararam-se com dois sobreviventes agarrados aos destroços fumegantes.
O comandante das Operações Especiais que supervisionava a ofensiva ordenou um segundo ataque para cumprir as instruções de Hegseth, disseram as fontes, acrescentando que os dois homens foram despedaçados na água.
Cronologia dos ataques
- Em agosto, os Estados Unidos enviaram navios de guerra, um submarino, caças e tropas para a costa da Venezuela, alegando sua suposta disposição em combater o narcotráfico. Desde então, foram realizados vários bombardeios a supostos lanchas com drogas no mar do Caribe e no Oceano Pacífico, deixando dezenas de mortos.
- Washington acusou Maduro, sem provas ou fundamentação, de liderar um suposto cartel de drogas. As mesmas acusações infundadas foram feitas contra o presidente colombiano Gustavo Petro, que condenou os ataques mortais contra embarcações nas águas da região.
- Em meados de outubro, o presidente dos EUA, Donald Trump, admitiu ter autorizado a CIA a realizar operações secretas em território venezuelano. Em resposta, Maduro perguntou: "Alguém acredita que a CIA não opera na Venezuela há 60 anos?" "Alguém acredita que a CIA não conspira contra o comandante [Hugo] Chávez e contra mim há 26 anos?", perguntou ele.
- As ações e pressões de Washington foram classificadas por Caracas como uma agressão, que questiona a real razão por trás das operações.
- O alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, condenou os bombardeios realizados pelos EUA contra pequenas embarcações, supostamente para combater o narcotráfico, que resultaram em mais de 60 mortos. Especialistas e governos classificaram os ataques como execuções extrajudiciais. As ações e pressões de Washington foram classificadas por Caracas como uma agressão, que questiona a real razão por trás das operações.