Parlamentares republicanos e democratas dos Estados Unidos passaram a cobrar respostas do governo após a divulgação de informações que sugerem que militares podem ter cometido possível crime de guerra durante ofensiva contra barcos suspeitos de tráfico no Caribe, informou o jornal The New York Times neste domingo (30).
A reação ocorre após uma reportagem do The Washington Post relatar que o secretário de Defesa, Pete Hegseth, teria dado uma ordem verbal para "matar todos" a bordo das embarcações, incluindo sobreviventes de ataques iniciais.
Segundo o jornal, uma segunda ofensiva teria sido realizada em 2 de setembro com o objetivo de atingir pessoas que haviam sobrevivido ao primeiro ataque. A informação reforçou questionamentos já existentes no Congresso sobre a legalidade da operação conduzida pelo governo Trump, que não passou por consulta ou aprovação legislativa.
A reportagem do NYT cita uma entrevista à CBS, onde o deputado Mike Turner, republicano de Ohio, afirmou que, caso confirmado, o episódio seria "muito sério" e configuraria "um ato ilegal".
No mesmo programa, o senador democrata Tim Kaine declarou que a denúncia "se verdadeira, chega ao nível de crime de guerra". Já o senador Mark Kelly, do Arizona, disse à CNN que "parece" tratar-se dessa classificação ao comentar a possibilidade do segundo ataque para eliminar sobreviventes.
Republicanos se juntam aos democratas
A repercussão levou as comissões de Serviços Armados da Câmara e do Senado a intensificarem investigações sobre a série de ataques realizados desde setembro, que já resultaram em mais de 80 mortes.
Os presidentes dos colegiados, o senador Roger Wicker e o deputado Mike Rogers, ambos republicanos, anunciaram ações bipartidárias para obter "um relato completo da operação", disse o NYT. Jack Reed e Adam Smith, democratas e membros de destaque das comissões, também assinaram os comunicados.
Na reportagem, o New York Times lembrou que o Washington Post e o The Intercept já haviam noticiado que militares realizaram ataques subsequentes com o propósito de matar sobreviventes.
Hegseth rebateu as acusações e afirmou que as ações sempre foram apresentadas como "ataques letais e cinéticos". Em resposta, o senador Chuck Schumer pediu a divulgação das "fitas completas e sem edição" das operações.
Além de críticas recorrentes de democratas, parte dos republicanos passou a demonstrar desconforto com o alcance da ofensiva militar. O movimento contrasta com o apoio que o governo vinha recebendo na operação, apresentada pela administração Trump como estratégia para combater cartéis e pressionar a Venezuela.
Mesmo assim, aliados do presidente seguem defendendo as ações. O senador Markwayne Mullin afirmou que Trump estaria "protegendo os Estados Unidos ao ser muito proativo", minimizando as denúncias feitas pelo Washington Post.