Cuba alerta para 'consequências incalculáveis' após anúncio de Trump sobre espaço aéreo da Venezuela

Havana descreveu a declaração de Trump sobre o fechamento do espaço aéreo venezuelano como "um ato agressivo para o qual nenhum Estado tem autoridade fora de suas fronteiras nacionais".

Cuba criticou a declaração do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, neste sábado (29), sobre o fechamento do espaço aéreo venezuelano, classificando a medida como "um ato agressivo para o qual nenhum Estado tem autoridade além de suas fronteiras nacionais", declarou o ministro das Relações Exteriores do país caribenho, Bruno Rodríguez Parrilla.

"Constitui uma ameaça gravíssima ao direito internacional e uma escalada da agressão militar e da guerra psicológica contra o povo e o governo venezuelanos, com consequências incalculáveis ​​e imprevisíveis para a paz, a segurança e a estabilidade na América Latina e no Caribe", escreveu o chanceler na rede social X.

Rodríguez instou a comunidade internacional a "denunciar o começo de um ataque ilegítimo".

Ameaças de Trump

As declarações de Rodríguez surgiram depois que Trump publicou um alerta nas redes sociais a "todas as companhias aéreas, pilotos, narcotraficantes e traficantes de pessoas" para "considerarem o espaço aéreo sobre e ao redor da Venezuela como completamente fechado".

Na quinta-feira (27), o presidente dos Estados Unidos afirmou que "em breve" estenderia para terra as supostas operações antinarcóticos realizadas por seu país, que têm como alvo principal a Venezuela.

Venezuela exige respeito irrestrito ao seu espaço aéreo

Em resposta à declaração de Trump, Caracas exigiu "respeito irrestrito ao seu espaço aéreo". O governo venezuelano também enfatizou que Caracas "não aceitará ordens, ameaças ou interferências de qualquer potência estrangeira".

"Nenhuma autoridade externa às instituições venezuelanas tem o poder de interferir, bloquear ou condicionar o uso do espaço aéreo nacional", diz um comunicado divulgado neste sábado (29) pelo Ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Yvan Gil Pinto.

Maduro denuncia ameaça de invasão

No início de novembro, o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, denunciou a atual presença militar dos EUA no Caribe, a maior em décadas, classificando a ação como uma ameaça de invasão e um ataque à soberania da Venezuela. Maduro afirmou que o objetivo final dessa agressão é controlar os vastos recursos naturais do país. Em um encontro com jovens, o mandatário pediu que expressem seu apoio à ideia de que "a república deve ser livre e independente para sempre" e que a juventude "deve ser rebelde".

O presidente também alertou para o "ressurgimento" da Doutrina Monroe, que, segundo ele, visa forçar uma "mudança de regime" na região. Maduro criticou o deslocamento militar no Mar do Caribe, que inclui "porta-aviões de última geração, destróieres de mísseis e submarinos nucleares", argumentando que ele está sendo realizado sob o falso pretexto de eufemismos como "segurança" ou "combate ao narcotráfico".

Em resposta, Maduro exaltou "a Doutrina Bolivariana em defesa da independência, unidade e emancipação de nossos povos" e instou os líderes latino-americanos a se unirem para "exigir a cessação imediata dos ataques e ameaças militares".

Falso pretexto da luta contra o narcotráfico

Diante das acusações dos Estados Unidos, as autoridades venezuelanas articularam uma resposta unificada que rejeita o quadro de confronto bilateral e denuncia que se trata de uma campanha de agressão multilateral. Maduro classificou as ações de Washington como uma campanha de difamação e afirmou que essa estratégia busca manchar a imagem da Venezuela e de sua revolução como pretexto para agressões, algo que "já fizeram muitas vezes".

O presidente venezuelano explicou repetidamente que as agressões dos EUA contra a Venezuela visam "mudar o regime" no país e se apropriar de sua "imensa riqueza petrolífera".

Cronologia dos ataques