O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã, Esmaeil Baghaei, condenou veementemente neste sábado (29) o anúncio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de fechar o espaço aéreo venezuelano, classificando a ação norte-americana como "uma grave violação das normas fundamentais do direito internacional".
Baghaei enfatizou que a medida não apenas viola as regras que regem o transporte aéreo internacional, mas também representa uma continuação das "ações provocativas e ilegais" de Washington que minam a soberania nacional da Venezuela.
Teerã também considera que a medida representa "uma ameaça sem precedentes à segurança da aviação internacional". Além disso, o diplomata alertou "para as perigosas consequências dessa ação sobre o Estado de Direito, a paz e a segurança internacional".
Venezuela exige respeito irrestrito ao seu espaço aéreo
Em resposta à declaração de Trump, Caracas exigiu "respeito irrestrito ao seu espaço aéreo". O governo venezuelano também enfatizou que Caracas "não aceitará ordens, ameaças ou interferências de qualquer potência estrangeira".
"Nenhuma autoridade externa às instituições venezuelanas tem o poder de interferir, bloquear ou condicionar o uso do espaço aéreo nacional", diz um comunicado divulgado neste sábado (29) pelo Ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Yvan Gil Pinto.
Maduro denuncia ameaça de invasão
No início de novembro, o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, denunciou a atual presença militar dos EUA no Caribe, a maior em décadas, classificando a ação como uma ameaça de invasão e um ataque à soberania da Venezuela. Maduro afirmou que o objetivo final dessa agressão é controlar os vastos recursos naturais do país. Em um encontro com jovens, o mandatário pediu que expressem seu apoio à ideia de que "a república deve ser livre e independente para sempre" e que a juventude "deve ser rebelde".
O presidente também alertou para o "ressurgimento" da Doutrina Monroe, que, segundo ele, visa forçar uma "mudança de regime" na região. Maduro criticou o deslocamento militar no Mar do Caribe, que inclui "porta-aviões de última geração, destróieres de mísseis e submarinos nucleares", argumentando que ele está sendo realizado sob o falso pretexto de eufemismos como "segurança" ou "combate ao narcotráfico".
Em resposta, Maduro exaltou "a Doutrina Bolivariana em defesa da independência, unidade e emancipação de nossos povos" e instou os líderes latino-americanos a se unirem para "exigir a cessação imediata dos ataques e ameaças militares".
Falso pretexto da luta contra o narcotráfico
Diante das acusações dos Estados Unidos, as autoridades venezuelanas articularam uma resposta unificada que rejeita o quadro de confronto bilateral e denuncia que se trata de uma campanha de agressão multilateral. Maduro classificou as ações de Washington como uma campanha de difamação e afirmou que essa estratégia busca manchar a imagem da Venezuela e de sua revolução como pretexto para agressões, algo que "já fizeram muitas vezes".
O presidente venezuelano explicou repetidamente que as agressões dos EUA contra a Venezuela visam "mudar o regime" no país e se apropriar de sua "imensa riqueza petrolífera".
Cronologia dos ataques
- Em agosto, os Estados Unidos enviaram navios de guerra, um submarino, caças e tropas para a costa da Venezuela, alegando sua suposta disposição em combater o narcotráfico. Desde então, foram realizados vários bombardeios a supostos lanchas com drogas no mar do Caribe e no Oceano Pacífico, deixando dezenas de mortos.
- Washington acusou Maduro, sem provas ou fundamentação, de liderar um suposto cartel de drogas. As mesmas acusações infundadas foram feitas contra o presidente colombiano Gustavo Petro, que condenou os ataques mortais contra embarcações nas águas da região.
- Em meados de outubro, o presidente dos EUA, Donald Trump, admitiu ter autorizado a CIA a realizar operações secretas em território venezuelano. Em resposta, Maduro perguntou: "Alguém acredita que a CIA não opera na Venezuela há 60 anos?" "Alguém acredita que a CIA não conspira contra o comandante [Hugo] Chávez e contra mim há 26 anos?", perguntou ele.
- As ações e pressões de Washington foram classificadas por Caracas como uma agressão, que questiona a real razão por trás das operações.
- O alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, condenou os bombardeios realizados pelos EUA contra pequenas embarcações, supostamente para combater o narcotráfico, que resultaram em mais de 60 mortos. Especialistas e governos classificaram os ataques como execuções extrajudiciais. As ações e pressões de Washington foram classificadas por Caracas como uma agressão, que questiona a real razão por trás das operações.