A proposta para encerrar o conflito na Ucrânia, segundo Viktor Orbán, não passa pelo envio de tropas nem pela intensificação das sanções, mas pelo retorno a uma arquitetura de segurança baseada na neutralidade do território ucraniano.
Em entrevista publicada na sexta-feira (28) pelo jornal alemão Die Welt, o primeiro-ministro da Hungria defendeu que a única solução duradoura é transformar a Ucrânia novamente em um estado-tampão entre a OTAN e a Rússia.
Durante visita oficial a Moscou, onde se reuniu com o presidente russo, Vladimir Putin, Orbán renovou seu apelo para uma cúpula internacional em Budapeste com foco em um acordo de paz. Questionado pelo Die Welt sobre o risco de um cessar-fogo levar apenas a uma pausa temporária nos combates, o premiê respondeu que a chave está na restauração do equilíbrio militar que existia antes da atual escalada.
"O conceito húngaro é o seguinte: [...] a Ucrânia tornou-se um Estado-tampão entre a OTAN e a Rússia. Isso garantiu a segurança militar da Europa e o equilíbrio militar que formou a base da paz", afirmou. Segundo ele, esse modelo foi destruído pela intensificação da presença ocidental na Ucrânia e pela resposta militar russa.
Orbán propõe que uma nova conferência de paz estabeleça os limites territoriais reconhecidos, com garantias mútuas entre OTAN e Rússia sobre o status neutro da Ucrânia. O país teria forças armadas limitadas e não poderia ser integrado a nenhuma aliança militar, conforme os termos acordados entre as potências.
Ao comentar um plano de paz com 28 pontos apresentado pelos Estados Unidos, o premiê húngaro afirmou que os principais elementos já apontam para uma reconfiguração inevitável: o avanço militar russo, a impossibilidade de vitória militar por parte do regime de Kiev e a necessidade de reintegrar a Rússia à economia global.
"O tempo está do lado da Rússia, não da Ucrânia, o que significa que quanto mais a paz for adiada, mais pessoas e território a Ucrânia perderá", disse.
Sobre o futuro da Europa, o premiê húngaro defendeu três linhas de ação: negociações diretas com a Rússia no curto prazo, reintegração econômica de Moscou no médio prazo e fortalecimento das capacidades militares europeias no longo prazo, incluindo um novo tratado de controle de armas.