O Vaticano emitiu uma advertência nesta terça-feira diante do aumento da poligamia e outras formas de uniões não monogâmicas, afirmando que o casamento deve ser entendido como uma relação "estável, duradoura e exclusiva entre um homem e uma mulher", informa a Vatican News.
A nota doutrinária, intitulada "Uma só carne: elogio à monogamia", sustenta que práticas como a poligamia ou o poliamor se baseiam em uma falsa percepção do amor. "A poligamia, o adultério ou o poliamor baseiam-se na ilusão de que a intensidade da relação reside em uma sucessão de rostos", afirma o texto, que também alerta sobre "o aumento dos divórcios, a fragilidade das uniões e a banalização do adultério".
O documento, de 40 páginas e assinado pelo papa Leão XIV, busca reafirmar a postura tradicional da Igreja sobre a unidade conjugal e surge em um momento em que "diversas formas públicas de uniões não monogâmicas, às vezes chamadas de poliamor, estão em alta no Ocidente", e após conversas com bispos da África, onde a poligamia continua sendo um "desafio pastoral".
"União de amor única e exclusiva"
O cardeal Víctor Manuel Fernández, prefeito do escritório doutrinário do Vaticano, destacou que um dos objetivos centrais do documento é explicar as razões da "escolha de uma união de amor única e exclusiva, uma rica e total pertença mútua".
Além disso, a nota destaca uma nuance na compreensão eclesial do sexo dentro do casamento, enfatizando que seu valor não se limita à procriação. Dentro da visão católica, a sexualidade matrimonial tem um aspecto "unitivo", que fortalece a união e pode refletir o amor divino, e um aspecto "procriativo", ligado à abertura à vida.
Segundo o cardeal Fernández, o documento não busca apenas criticar a poligamia, mas "elogiar o valor da monogamia", destacando seu fundamento teológico, filosófico e histórico.