Joaquín Guzmán López, conhecido como "El Güero" e filho de Joaquín "El Chapo" Guzmán, deve se declarar culpado em uma Corte federal dos Estados Unidos na próxima segunda-feira (1), em audiência marcada para às 13h30 (horário local), em Chicago, Illinois. As informações foram divulgadas nesta sexta-feira (28) pelo portal mexicano Milenio.
O comparecimento será realizado diante da juíza Sharon Johnson Coleman, como parte de uma negociação entre a defesa e o Departamento de Justiça dos EUA. Guzmán López responde por pelo menos cinco acusações formais, incluindo tráfico internacional de cocaína, heroína, metanfetamina e maconha, participação em organização criminosa, lavagem de dinheiro e porte ilegal de armas.
De acordo com os autos da Corte do Distrito Norte de Illinois, o réu teria adiado diversas vezes sua declaração oficial, enquanto seu advogado, Jeffrey Lichtman, conduzia tratativas para um possível acordo de delação premiada. O objetivo seria evitar uma condenação perpétua, algo que já foi alcançado por seu irmão Ovidio Guzmán López, conhecido como "El Ratón", que se declarou culpado em julho na mesma corte.
Segundo as investigações, Joaquín e seus irmãos Iván Archivaldo, Jesús Alfredo e Ovidio — todos identificados como "Los Chapitos" — participaram de uma ampla operação de narcotráfico entre 2008 e 2021, sob a proteção de seu pai e de Ismael "El Mayo" Zambada, líderes do Cartel de Sinaloa.
A rede criminosa teria movimentado toneladas de entorpecentes da América Central e do Sul até os Estados Unidos, com lucros superiores a 10 milhões de dólares por ano.
A acusação apresentada pela Promotoria dos EUA destaca que "Guzmán López fazia parte da conspiração coordenada por Guzmán Loera e Zambada García, junto a seus filhos, para importar grandes quantidades de cocaína oriunda de países como Colômbia, Equador, Venezuela, Peru, Panamá, Costa Rica, Honduras e Guatemala".
Fontes próximas ao processo indicam ao jornal que, além de sua confissão, Guzmán López também teria participado diretamente da captura de Zambada García. Em julho de 2024, ele teria atraído El Mayo para uma emboscada e entregue o histórico chefe do cartel às autoridades norte-americanas, em El Paso, Texas. O episódio gerou reação do governo do México, que o acusou formalmente de traição à pátria.
Além do processo em Illinois, Joaquín enfrenta outras acusações em Washington, DC, por tráfico de entorpecentes em parceria com Ovidio. Ambos negociam acordos com os promotores norte-americanos que podem incluir a colaboração em outras investigações em curso.
O Departamento de Justiça dos EUA afirma que tais acordos permitem aos réus admitir culpa por acusações menores em troca de penas reduzidas e cooperação judicial. A decisão final, no entanto, cabe ao juiz responsável. Se confirmada, a admissão de culpa de El Güero poderá ter implicações relevantes nas investigações sobre a atual estrutura do Cartel de Sinaloa.