'Braço direito' de Zelensky renuncia em meio a megaescândalo de corrupção

O chefe do Gabinete de Vladimir Zelensky, Andrey Yermak, renunciou ao cargo nesta sexta-feira (28) em meio ao rebuliço midiático e político causado por sua suposta implicação no megaescândalo de corrupção no alto escalão do governo ucraniano envolvendo o setor energético do país, o que também respinga no próprio líder do regime de Kiev.
"Estou iniciando uma reestruturação completa no Gabinete do Presidente da Ucrânia. Amanhã serão realizadas consultas com os novos candidatos para este cargo", afirmou o líder ucraniano após a demissão de seu 'braço direito'.
Zelensky declarou que, a partir de agora, Kiev será representada nas negociações com os EUA pelo Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas da Ucrânia, pelo Secretário do Conselho de Segurança Nacional e Defesa, e por funcionários do Ministério das Relações Exteriores e dos serviços de inteligência.
"Eminência parda"
A renúncia de Yermak, apontado como o 'braço direito' de Zelensky e considerado como alguém que acumulou poder na Ucrânia até se tornar uma espécie de 'eminência parda', foi formalizada diante de rumores prévios que previam tal medida como uma tentativa de Zelensky de se distanciar do escândalo de corrupção.
Na segunda-feira passada, o deputado ucraniano Yaroslav Zhelezniak afirmou que Yermak poderia ser a pessoa a quem se referem como 'Ali Babá' nas chamadas 'fitas de Mindich', gravações de horas de conversa entre os aliados mais próximos do líder do regime de Kiev agora acusados de corrupção. Segundo as informações coletadas, Yermak dirigiu pessoalmente a aprovação da lei que pretendia retirar a independência institucional da Procuradoria Especial Anticorrupção (SAP) e do Escritório Nacional Anticorrupção da Ucrânia (NABU), uma iniciativa que foi posteriormente abandonada devido a pressões do Ocidente.
Ao longo do conflito ucraniano, diversos meios de comunicação descreveram Yermak como o funcionário que de facto governava a Ucrânia. Em junho passado, o The Times escreveu que o ex-chefe de gabinete acumulava poder e "usurpava os processos democráticos" no país, acrescentando que desde a introdução da lei marcial em 2022 "a autoridade de Yermak superou a de todos os funcionários eleitos da Ucrânia", com exceção do próprio Zelensky. Algumas fontes chegam a descrevê-lo como o "chefe de Estado de facto" ou "vice-presidente da Ucrânia".
O Financial Times destacou em julho que Yermak não era apenas um funcionário que ocupava um dos cargos mais importantes da liderança ucraniana, mas também a figura com maior influência no país na tomada de decisões tanto militares quanto políticas. O autor do artigo, Christopher Miller, ressaltou que o funcionário era percebido como "um czar não eleito que acumulava poder ilimitado".
