
Presidente do Senado ameaça sabotar indicação de Lula ao STF

Diante do desgaste entre o Governo Federal e o Senado, o presidente da Casa, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), ameaça adotar uma manobra regimental para acelerar a votação do advogado-geral da União (AGU), Jorge Messias, indicado de Lula ao Supremo Tribunal Federal (STF), reduzindo suas chances de aprovação, publicou a Folha de S.Paulo na quinta-feira (27).

A indicação de Messias para a vaga deixada por Luís Roberto Barroso ampliou tensões que já afetam a articulação política do governo, também pressionado pela Câmara dos Deputados.
Alcolumbre e outros senadores defendiam o nome de Rodrigo Pacheco (PSD-MG) para o STF. Segundo apuração da Folha, o Senado sinaliza ter maioria para rejeitar o indicado, o que resultaria em um desfecho inédito em 130 anos.
O presidente do Senado já aprovou "pautas bombas" para pressionar o governo, como a votação, na terça-feira (25), da reforma da aposentadoria para agentes comunitários de saúde, que amplia despesas e contraria a gestão federal.
Caso Alcolumbre reduza o tempo de deliberação após a sabatina, o processo pode ser encerrado antes de Messias obter os 41 votos necessários para sua aprovação.
Trocando bilhetes
Desde a indicação, Jorge Messias tem buscado apoio entre senadores antes da sabatina marcada para 10 de dezembro, quando deve ocorrer também a votação. O AGU divulgou nota à imprensa na segunda-feira (24) com elogios ao presidente do Senado, afirmando "reconhecer e louvar o relevante papel que o Presidente Alcolumbre tem cumprido como integrante da Casa".
Alcolumbre, que tem evitado reuniões com Messias e evita citá-lo nominalmente, respondeu no mesmo dia que "cumprirá, com absoluta normalidade, a prerrogativa que lhe confere a Constituição" em "momento oportuno".
