
Rússia critica ameaças do Japão contra Taiwan e faz alerta sobre instalação de mísseis

A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, afirmou nesta quinta-feira (27) que Moscou acompanha "de perto" os planos anunciados pelo ministro da Defesa do Japão, Shinjiro Koizumi, para implantar mísseis de médio alcance em ilhas próximas a Taiwan. Em coletiva de imprensa, a diplomata declarou que a iniciativa japonesa amplia tensões na região Ásia-Pacífico e contraria compromissos históricos assumidos por Tóquio no pós-guerra.

Logo no início de sua resposta, Zakharova criticou a ausência de jornalistas japoneses na coletiva e disse que Moscou não tem "tempo para comentar o que está acontecendo no Japão".
"Por algum motivo, as perguntas para o lado russo sobre a retórica relacionada aos nossos países [...] interessam a correspondentes de outros países, não aos japoneses, dos quais há um número enorme em Moscou", afirmou.
A porta-voz afirmou que o governo russo observa com atenção a política de segurança de Tóquio, que, segundo ela, segue uma linha de remilitarização. Zakharova reiterou que Moscou vem alertando duramente o Japão sobre "o impacto negativo" de suas ações e informou que advertências formais já foram feitas por meio de canais diplomáticos.
"Advertimos o Japão nos termos mais veementes contra a instalação de mísseis de médio alcance de fabricação americana em seu território, sob qualquer pretexto", declarou.
Ao comentar especificamente o arquipélago que inclui Okinawa, área mencionada na pergunta feita à diplomata, Zakharova afirmou que o Japão, "sob a influência de Washington", está convertendo o local em "uma área de preparação de operações", armazenando armas com potencial "não apenas defensivo, mas também ofensivo".
Rússia pode 'responder com firmeza'
Para Zakharova, tais medidas "agravam ainda mais a situação de segurança regional e representam sérios riscos para os estados vizinhos". A Rússia, acrescentou, "reserva-se o direito de responder com firmeza" caso os planos japoneses sejam implementados.
A porta-voz também manifestou solidariedade aos habitantes de Okinawa, afirmando que eles "estão sofrendo as consequências dos preparativos militaristas". Zakharova disse ainda que a cultura local, descrita como "singular", não estaria sendo considerada pela liderança japonesa.
"Eles não pretendem desenvolver essas terras, mas sim destruí-las", afirmou, questionando se Tóquio "teria se esquecido" da responsabilidade pelas batalhas ocorridas na região há oito décadas.
Encerrando a declaração, Zakharova afirmou que o governo japonês precisa "retornar aos fundamentos" do desenvolvimento pacífico do pós-guerra. Segundo ela, esses fundamentos decorrem dos resultados da Segunda Guerra Mundial, que "ainda não são totalmente reconhecidos" por Tóquio.
"A quem a atual liderança do Japão está prejudicando? Claramente, a seus próprios cidadãos", concluiu.

