
República Dominicana autoriza Estados Unidos a utilizar suas bases aéreas

O governo da República Dominicana autorizou nesta quarta-feira (26) o uso de suas bases aéreas para que tropas americanas realizem atividades logísticas como parte da Operação Lança do Sul, do Pentágono, no Caribe.
O anúncio foi feito pelo presidente dominicano, Luis Abinader, durante uma coletiva de imprensa conjunta com o secretário de Defesa, Pete Hegseth, com quem havia se reunido no mesmo dia no Palácio Nacional de Santo Domingo.
"Autorizamos os EUA, por um período limitado, a usar áreas restritas na Base Aérea de San Isidro e no Aeroporto Internacional Las Américas para operações logísticas de reabastecimento de aeronaves, transporte de equipamentos e pessoal técnico", informou Abinader.

O presidente dominicano explicou que a medida tem um "objetivo claro", que é "reforçar proteção aérea e marítima" mantido pelas forças armadas de ambos os países, como parte de "um reforço decisivo para impedir a entrada de narcóticos e atacar com mais força o crime organizado transnacional".
Abinader comentou ainda que a medida está sendo implementada dentro da estrutura da legislação vigente e de acordos prévios estabelecidos com os EUA. Ele também observou que se trata de uma expansão temporária da cooperação bilateral "para fortalecer a vigilância aérea e marítima contra o narcotráfico".
As operações, acrescentou o presidente, serão realizadas enquanto a República Dominicana endossar e apoiar as ações planejadas pelo Pentágono.
"Seu escopo é técnico, limitado e temporário", afirmou o chefe de Estado.
Por sua vez, Hegseth declarou que o acordo é "provisório" e respeitará as "leis" e a "soberania" da República Dominicana.
"É uma grande parceria, uma iniciativa conjunta contra o narcotráfico e o narcoterrorismo", disse o secretário de Guerra, que descreveu o pacto como "um modelo para a região" que os EUA esperam "expandir com outros países que desejam se associar" a Washington na luta contra os "narcoterroristas".
EUA pressionam aliados
O Secretário de Guerra dos Estados Unidos chegou à República Dominicana nesta quarta-feira (26), justamente quando o governo Trump está aumentando as tensões e as ameaças contra a Venezuela, como parte de sua política de "pressão máxima" e da contínua agressão contra o país sul-americano.
Segundo a imprensa dominicana, o chefe do Pentágono chegou ao Aeroporto Internacional Las Américas, na ilha caribenha com o objetivo de fortalecer a cooperação bilateral com um de seus aliados mais estáveis na região, e neste caso como parte de sua política extraterritorial de combate ao "narcoterrorismo" no Mar do Caribe.
A chegada de Hegseth também ocorre em um clima geopolítico tenso devido à presença de tropas do Comando Sul no Caribe, uma situação que causou sérios atritos com a Venezuela e a Colômbia, e gerou alarmes em outros países como o México e o Brasil, que, assim como Cuba, Nicarágua, entre outras nações, condenam seus bombardeios e ataques militares na região contra embarcações civis.
A presença do oficial militar no Caribe também reforça o que a Venezuela descreve como uma campanha de terror com a qual Washington tenta pressionar toda a região sob o pretexto de atacar supostas organizações de narcotráfico. Caracas alerta que as ações estão sendo realizadas pelo Pentágono para tentar tomar o poder político do presidente Nicolás Maduro e instalar um governo fantoche que lhe permita controlar todos os recursos naturais e energéticos da Venezuela.
A manobra geopolítica, na qual os EUA também buscam conter as fortes alianças e a cooperação de países como China e Rússia na região, ocorre após a visita do chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas dos EUA, Dan Caine, a Trinidad e Tobago, país vizinho da Venezuela, na terça-feira (25), para se encontrar com a primeira-ministra da nação caribenha, Kamla Persad-Bissessar, em meio a nova escalada de ameaças da administração Trump contra Caracas.
Agressões dos EUA
- Em agosto, os Estados Unidos enviaram contingentes militares para a costa da Venezuela, alegando disposição de combater o narcotráfico. Desde então, foram realizados vários bombardeios a lanchas no Mar do Caribe e no Oceano Pacífico, provocando dezenas de mortes.
- Washington acusou Maduro, sem provas ou fundamentação, de liderar um suposto cartel de drogas. As mesmas acusações infundadas foram feitas contra o presidente colombiano Gustavo Petro, que condenou os ataques mortais contra embarcações nas águas da região.
- Em meados de outubro, o presidente dos EUA, Donald Trump, admitiu ter autorizado a CIA a realizar operações secretas em território venezuelano. "Alguém acredita que a CIA não opera na Venezuela há 60 anos? (...) Alguém acredita que a CIA não conspira contra o comandante Chávez e contra mim há 26 anos?", perguntou Maduro, em resposta.
- O alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, condenou os bombardeios realizados pelos EUA contra pequenas embarcações, que resultaram em mais de 60 mortos. Especialistas e governos classificaram os ataques como execuções extrajudiciais, em violação ao que consagra o direito internacional. As ações e pressões de Washington foram classificadas por Caracas como uma agressão, que questiona a real razão por trás das operações.


