Justiça dos EUA arquiva último processo pendente contra Donald Trump

Acusação era de suposta interferência nas eleições de 2020.

Um juiz do estado da Geórgia, nos Estados Unidos, arquivou nesta quarta-feira (26) o processo por suposta interferência nas eleições de 2020 contra Donald Trump e outros 14 réus, informou o jornal norte-americano The New York Times. Este era o último processo criminal pendente contra o presidente americano.

A iniciativa de pôr fim ao processo partiu de Pete Skandalakis, diretor executivo do conselho de promotores do estado, que apresentou uma moção na manhã desta quarta-feira.

A ação, originalmente vista como uma das mais significativas ameaças legais para Trump, já que condenações estaduais não podem ser alvo de perdão presidencial, também tinha entre os réus aliados próximos do presidente, como Rudolph W. Giuliani e Mark Meadows.

No documento de 22 páginas, Skandalakis desmontou as acusações formuladas por Fani T. Willis, então promotora do condado de Fulton. Ele argumentou que "não é ilegal questionar ou contestar resultados eleitorais" e afirmou que a investigação conduzida pelo procurador especial Jack Smith, nomeado pelo Departamento de Justiça sob o governo Biden, seria o foro mais adequado para examinar as tentativas de Trump de permanecer no poder após a derrota em 2020.

O procurador destacou ainda que a decisão da Suprema Corte dos Estados Unidos, que garantiu "imunidade absoluta" ao presidente para atos realizados dentro de sua autoridade constitucional, tornaria o litígio no estado lento e complexo. Segundo ele, discutir a imunidade nos tribunais da Geórgia poderia levar "meses, senão anos", estendendo qualquer julgamento para muito além de 2029, quando Trump deixará o mandato.

"Levar este caso a júri em 2029, 2030 ou até 2031 seria um feito notável", escreveu. "Os cidadãos da Geórgia não são atendidos pela continuidade desse processo por mais cinco a dez anos."

O caso ganhou destaque em agosto de 2023, quando Trump, então fora do cargo, viajou a Atlanta para ser fichado no presídio do condado, episódio que gerou uma imagem oficial posteriormente usada por sua campanha.

A investigação teve início em janeiro de 2021, após Trump telefonar para o secretário de Estado da Geórgia pedindo que ele ajudasse a "encontrar" votos suficientes para reverter sua derrota.

Mais de dois anos e meio depois, Willis apresentou uma acusação de extorsão contra Trump e outros 18 aliados, incluindo falsos eleitores envolvidos em tentativas de mantê-lo no poder. A promotora, porém, foi retirada do caso no fim do ano passado, após vir à tona que mantinha um relacionamento com um advogado que ela própria havia contratado para liderar a acusação.