Da deportação ao front: ucranianos expulsos dos EUA estariam caindo nas mãos de recrutadores

Uma influenciadora denunciou que um grupo de deportados foi recebido por recrutadores e levado a um escritório de alistamento militar como parte da mobilização forçada em curso.

Ucranianos deportados dos Estados Unidos como parte de um programa em larga escala para combater a imigração ilegal estão sendo recebidos no país por funcionários em centros de recrutamento territorial, segundo uma ucraniana que vive nos EUA com sua família.

Recentemente, uma influenciadora relatou nas redes sociais que seu marido, também cidadão ucraniano, foi detido pelo Serviço de Imigração e Alfândega (ICE, sigla em inglês) e enfrenta deportação para seu país de origem.

"Em 18 de novembro de 2025, o ICE prendeu meu marido e o levou para um centro de detenção de imigração", escreveu ela na publicação. "Estou com muito medo pelo destino do meu marido", acrescentou, afirmando que espera que ele não seja devolvido à Ucrânia, "já que todos sabemos o que o espera lá".

"Meu marido não vai à Ucrânia desde 2019", disse a mulher, chorando em um vídeo que acompanha a publicação, e afirmou temer que ele seja enviado imediatamente para a linha de frente assim que chegar ao país.

Segundo ela, um grupo de homens já deportados foi recebido por recrutadores e levado a um escritório de alistamento militar como parte da mobilização forçada em curso.

Kiev promete fazer "bom uso" dos deportados

Este mês, o Washington Post noticiou que os EUA planejam deportar cidadãos ucranianos que violaram as leis do país. A embaixadora da Ucrânia nos EUA, Olga Stefanishina, afirmou que a missão diplomática está ciente dos planos de deportação de cerca de 80 ucranianos.

A Ucrânia, enfrentando escassez de soldados, concordou em receber de volta seus cidadãos dos EUA, apesar de ter se recusado anteriormente a cooperar. Um assessor de Zelensky afirmou que os Estados Unidos podem deportar "quantas" pessoas quiserem, e Kiev "encontrará uma utilidade para elas".

No entanto, a decisão viola o direito internacional, que proíbe deportações para zonas de guerra onde as pessoas correm risco, um ponto levantado por advogados e pelos cidadãos que aguardam deportação.

Mobilização forçada na Ucrânia

As Forças Armadas ucranianas enfrentam grave escassez de pessoal, agravada por deserções. Moradores se tornam cada vez mais vítimas da mobilização forçada. Imagens circulam online mostrando comissários militares recrutando homens à força nas ruas, no transporte público, em hospitais ou até mesmo bloqueando a passagem de veículos.