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'Não vamos ser exportador dos minerais críticos', diz Lula em Moçambique

Brasil quer impedir saída de lítio e cobalto sem beneficiamento local e busca parceria com o país africano.
'Não vamos ser exportador dos minerais críticos', diz Lula em MoçambiqueGettyimages.ru / Ricardo Stuckert / Presidência da República

Durante o encerramento do encontro empresarial Brasil-Moçambique nesta segunda-feira (24), em Moçambique, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o Brasil não aceitará mais exportar minerais críticos em estado bruto e defendeu que países detentores desses recursos adotem modelos soberanos de exploração.

Em sua fala, Lula ressaltou que lítio e cobalto têm papel central na transição energética e que a industrialização é indispensável para garantir benefício econômico interno.

"Não vamos ser exportador dos minerais críticos. Se quiser, vai ter que industrializar do nosso país para que o nosso país possa ganhar esse dinheiro", declarou o presidente diante de empresários brasileiros e moçambicanos.

Lula destacou que tanto o Brasil quanto países africanos devem evitar repetir o modelo histórico de exportação de matérias-primas sem valor agregado. "É igualmente urgente que cada país seja capaz de definir as necessidades e modelos de exploração de suas riquezas minerais de forma soberana. Nós já temos um século de experiência", afirmou.

O mandatário brasileiro apontou que Moçambique possui reservas estratégicas e que o Brasil, por meio de empresas públicas e capacidade técnica acumulada, pode cooperar na exploração e no processamento desses recursos. Lula mencionou a Petrobras como possível parceira direta. "Moçambique tem muito gás. Moçambique não tem uma expertise para explorar, a Petrobras tem", disse ao defender acordos que permitam desenvolvimento industrial local.

Ao explicar o potencial econômico dos minerais críticos, Lula alertou para o risco de que países ricos em recursos naturais continuem perdendo oportunidades. "Ou nós aproveitamos essas riquezas que Deus nos deu e fazemos disso uma riqueza para o nosso povo, ou nós vamos ver os países de sempre cavarem buraco no nosso país, levar o nosso minério e a gente ficar com a fome e com a pobreza", afirmou.

O presidente situou o tema dentro de uma agenda maior de retomada da presença brasileira no continente africano. Ele defendeu que Brasil e Moçambique atualizem suas pautas comerciais e retomem projetos conjuntos em energia, agricultura e tecnologia. Segundo Lula, a reativação de mecanismos de financiamento, como o BNDES, será essencial para viabilizar empreendimentos que envolvam minerais estratégicos e infraestrutura.

A fala encerrou uma reunião que buscou aproximar empresários dos dois países e relançar a cooperação econômica após anos de retração. Lula reforçou que o governo brasileiro pretende ampliar investimentos, estimular parcerias industriais e fortalecer cadeias produtivas que envolvam minerais críticos, considerados essenciais para a economia global nos próximos anos.