
Cientistas brasileiros propõem mecanismo para tornar reflorestamento lucrativo

Pesquisadores brasileiros apresentaram um novo mecanismo de crédito de carbono que pretende fazer das florestas um elemento-chave nas estratégias de luta contra a mudança climática, informou nesta segunda-feira (24) a Folha de S.Paulo.
O objetivo da proposta, chamada de Mecanismo de Reversão de Desmatamento (RDM na sigla em inglês), seria preencher uma lacuna deixada por planos anteriores, com especial foco na restauração florestal. O reflorestamento é uma das maneiras mais efetivas de capturar carbono da atmosfera no curto prazo e a baixo custo, o que também gera créditos de carbono. O pesquisador e economista Juliano Assunção, diretor do Climate Policy Initiative (CPI/PUC-Rio), reafirmou que é preciso "reenquadrar o papel das florestas na agenda de clima", ressaltando-o como "parte do conjunto das soluções".
O RDM baseia-se em um estudo realizado por Assunção junto com o laureado com o Nobel de Economia, Lars Peter Hansen, e o economista José Alexandre Scheinkman, conselheiro da COP30. Os pesquisadores calcularam o valor da tonelada de carbono líquido (ou seja, o que é capturado menos o que é emitido) que seria capaz de tornar a restauração da floresta mais lucrativa do que o emprego da área para agropecuária.

Os cientistas extrapolaram a lógica para todas as 91 florestas tropicais mapeadas por satélites. Brasil, Indonésia e República Democrática do Congo (RDC) são os países que possuem a maior cobertura vegetal tropical no mundo, sendo o Brasil, a RDC e a China os que mais desmataram suas florestas desde 2001. Portanto, segundo Assunção, essas nações apresentam um potencial "impressionante" para capturar carbono por reflorestamento. Ao restaurar tais áreas, 49 gigatoneladas de carbono poderiam ser capturadas, sendo que US$50 (cerca de R$270) por tonelada seria a remuneração ideal para viabilizar tal empreitada.
Os mecanismos existentes que a RDM visa complementar são a Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação (Redd++), que recompensa a redução de desmatamento com créditos de carbono, e o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF, na sigla em inglês) um fundo de renda fixa para os países que alcançam resultados positivos na luta contra a degradação das florestas.
