O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, em publicação nas redes sociais neste domingo (23), que no dia 20 de dezembro será assinado o Acordo Mercosul–União Europeia, negociado há anos.
Na postagem, o presidente classificou o acordo como um "passo histórico para o nosso país e para a nossa região", acrescentando que o mercado comum resultante reuniria 722 milhões de pessoas e um PIB de US$ 22 trilhões, podendo "se tornar o maior pacto comercial do mundo".
Mais cedo, durante uma coletiva de imprensa em Joanesburgo, o presidente já havia declarado que "acredita" que o acordo será firmado em 20 de dezembro, em Brasília ou em Foz do Iguaçu. Vale destacar que esse dia corresponde à próxima Cúpula dos Líderes do Mercosul, que ocorrerá na cidade paranaense enquanto o Brasil exerce a presidência pro tempore do bloco.
Acordo perigoso?
Apesar do otimismo, especialistas ponderam sobre os eventuais efeitos adversos em setores vulneráveis à concorrência europeia, conforme apontou o artigo de Eliane Oliveira, para jornal O Globo.
Já Paulo Nogueira Batista Jr, ex-vice-presidente do Banco dos BRICS, aponta que os acordos com países europeus são pautados por uma lógica que cai cada vez mais em desuso, e que devem ser celebrados somente por ''setores liberais e seus porta-vozes na mídia tradicional''.
''O neoliberalismo foi abandonado nesse meio tempo em quase toda parte, inclusive nos Estados Unidos e na Europa. Encontrou, porém, uma sobrevida entre nós'', advertiu, em artigo publicado no portal Brasil de Fato.
Para Paulo, que chama a atenção para cláusulas relativas a minerais críticos no acordo Mercosul-União Europeia, o Brasil deveria buscar uma abordagem semelhante à da China: ''Apesar da competitividade de suas exportações e do extraordinário perfil tecnológico do seu parque industrial, o país não liberaliza seu mercado de compras públicas''.