Em plena tensão com a China, Japão planeja instalar mísseis em ilha perto de Taiwan

Ministro da Defesa alega que a medida busca ''reduzir a possibilidade de um ataque armado''.

Em meio às crescentes tensões entre Tóquio e Pequim, o Japão tem planos de estacionar mísseis de médio alcance em uma base militar perto de Taiwan, informou o ministro da Defesa Japonês, Shinjiro Koizumi, neste domingo (23), conforme citado pela imprensa.

Ao final de sua viagem a uma base militar localizada na ilha japonesa de Yonaguni, cerca de 110 quilômetros a leste de Taiwan, Koizumi garantiu que a implantação de mísseis terra-ar pode "ajudar a reduzir a possibilidade de um ataque armado" contra o Japão. Segundo ele, "a ideia de que isso vai aumentar as tensões regionais não é correta".

Na avaliação da agência Bloomberg, essas medidas refletem a preocupação do Japão com o crescente poder militar da China e a possibilidade de um conflito por Taiwan. 

Em reunião com o prefeito de Yonaguni, Koizumi afirmou que o Japão deve fortalecer sua dissuasão aumentando suas próprias capacidades e aprofundando os laços com o Exército dos EUA:

"Hoje, o Japão está enfrentando o ambiente de segurança mais severo e complexo desde o fim da Segunda Guerra Mundial", disse ele. "Para proteger a vida pacífica do povo japonês, incluindo todos aqueles que vivem aqui em Yonaguni, devemos fortalecer as capacidades das Forças de Autodefesa", sustentou.

Tensões crescentes

Embora os primeiros-ministros japoneses tradicionalmente evitem discutir cenários de conflito envolvendo Taiwan e costumem apenas defender a manutenção do status quo, a nova primeira-ministra, Sanae Takaichi, rompeu com essa postura. Para ela, trata-se de "uma situação que ameaça a sobrevivência".

Diante disso, a China acusou o Japão de "ressurgimento do pensamento militarista" e criticou a possível revisão dos princípios sobre armas nucleares, que estabelecem que Tóquio não possuirá, não fabricará e não permitirá a entrada de armamento atômico em seu território. Na semana passada, foi informado que Takaichi estava considerando revisar o status não nuclear do país, mantido desde a década de 1960.

Da mesma forma, Pequim, em mensagem ao secretário-geral da ONU, António Guterres, classificou as declarações de Takaichi como "equivocadas e perigosas" e as descreveu como uma ameaça de "intervenção armada", afirmando que a China "protegerá a soberania nacional e a integridade territorial".