As autoridades divulgaram, neste domingo (23), a ata da audiência de custódia de Jair Bolsonaro, preso de forma preventiva no dia anterior por ordem do ministro Alexandre de Moraes. O documento traz novos detalhes sobre a decisão do ex-presidente dedanificar sua tornozeleira eletrônica.
"Indagado acerca do equipamento de monitoramento eletrônico, o depoente respondeu que teve uma 'certa paranoia' de sexta para sábado em razão de medicamentos que tem tomado receitados por médicos diferentes e que interagiram de forma inadequada (Pregabalina e Sertralina); que tem o sono 'picado' e não dorme direito resolvendo, então, com um ferro de soldar, mexer na tornozeleira, pois tem curso de operação desse tipo de equipamento. Afirmou o depoente que, por volta de meia-noite mexeu na tornozeleira, depois 'caindo na razão' e cessando o uso da solda, ocasião em que comunicou os agentes de sua custódia; O depoente afirmou que estava acompanhado de sua filha, de seu irmão mais velho e um assessor na sua casa e nenhum deles viu a ação do depoente com a tornozeleira. Afirmou que começou a mexer com a tornozeleira tarde da noite e parou por volta de meia-noite. Informou que as demais pessoas que estavam na casa dormiam e que ninguém percebeu qualquer movimentação. O depoente afirmou que estava com 'alucinação' de que tinha alguma escuta na tornozeleira, tentando então abrir a tampa. O depoente afirmou que não se lembra de surto dessa natureza em outra ocasião. O depoente afirmou que passou a tomar um dos remédios cerca de 4 (quatro) dias antes dos fatos que levaram à sua prisão".
O procedimento foi conduzido por uma juíza auxiliar de Moraes. Após a audiência, o tribunal decidiu manter a prisão preventiva determinada pelo ministro do STF.
Em seu depoimento, Bolsonaro afirmou que ''não tinha qualquer intenção de fuga e que não houve rompimento da cinta'' do dispositivo.
"Sobre a vigília convocada por seu filho, afirmou o depoente que o local da vigília fica a setecentos metros da sua casa, não havendo possibilidade de criar qualquer tumulto que pudesse facilitar hipotética fuga", acrescenta a nota.
- O ministro Alexandre de Moraes determinou no sábado (22) a prisão preventiva do ex-presidente Jair Bolsonaro, condenado a 27 anos e 3 meses de prisão por comandar uma organização criminosa golpista, citando indícios de tentativa de fuga.
- A decisão foi motivada pelo entendimento de que a vigília convocada pelo senador Flávio Bolsonaro no dia anterior poderia dificultar uma eventual prisão do ex-presidente ao final do processo, devido à mobilização popular nos arredores de sua casa.
- Ao entendimento, se soma a notificação eletrônica, às 0h07 deste sábado, "indicando violação" da tornozeleira eletrônica.