Manifestantes tomam ruas de Israel e pedem investigação sobre falhas na segurança em 7 de outubro

Familiares de vítimas da guerra com o Hamas se mobilizaram em diversas cidades do país e criticaram o governo Netanyahu.

Milhares de israelenses tomaram as ruas de Israel neste sábado (22) para exigir a criação de uma comissão estatal de inquérito sobre os ataques de 7 de outubro de 2023. A principal mobilização ocorreu na Praça Habima, em Tel Aviv, conduzida pelo October Council (ou Conselho de Outubro, em tradução livre), grupo que reúne familiares de mortos e feridos, reportou o jornal israelense Haaretz.

Em nota, o coletivo afirmou que o "primeiro-ministro Benjamin Netanyahu declarou guerra contra os cidadãos de Israel" e reforçou: "Queremos uma comissão estatal de inquérito". Ainda segundo o jornal, lideranças da oposição, com exceção dos partidos árabes, compareceram ao ato, incluindo o ex-premiê Naftali Bennett, que pediu adesão popular.

"Fomos massacrados em nossa própria terra, e até este momento ninguém se levantou para dizer: 'Eu sou o responsável'", declarou.

Outra concentração ocorreu na Praça dos Reféns, também em Tel Aviv, com discursos de familiares de Dror Or e Ran Gvili, cujos corpos permanecem em Gaza. Segundo o Haaretz, outros atos foram realizados em grandes cidades, como Haifa Be'er Sheva, além de mais de uma dezena de localidades.

Na Praça Habima, nomes e fotos de israelenses mortos na guerra foram projetados em um telão, enquanto o movimento Standing Together exibiu imagens de violência de colonos na Cisjordânia. O evento abriu lembrando os três reféns ainda mantidos por Hamas.

Rafi Ben Shitrit, cofundador do October Council, declarou que "o governo de Israel falhou em sua missão mais importante: proteger seus cidadãos".

"Merecemos saber, merecemos justiça", afirmou.

Nirit Bar Am, mãe de Neta Bar Am, soldado morto em 7 de outubro, criticou o atraso na criação de uma investigação independente.

"Se o filho de vocês tivesse alertado sobre treinamentos do Hamas na fronteira (...) vocês se recusariam a investigar?", questionou.

O ex-ministro Yizhar Shai, cujo filho Yaron também foi morto, afirmou ao jornal que sete dos nove ministros que aprovaram o inquérito governamental haviam faltado a uma reunião de segurança dois meses antes do ataque. Ele pediu que líderes da oposição se comprometam a não integrar governos que não garantam a abertura imediata de uma comissão estatal.

Em Haifa, milhares se reuniram no centro Horev. O professor Alec Yefremov, recentemente detido após protestar contra o ministro Itamar Ben-Gvir, afirmou: "Os que estão incendiando vilarejos palestinos são exatamente os mesmos que estão incendiando nosso país". Yefremov denunciou também a escalada de violência na Cisjordânia e concluiu: "Não à supremacia judaica; igualdade para todos".

De volta à Praça dos Reféns, familiares reforçaram pedidos para que os corpos dos três israelenses mantidos em Gaza retornem ao país. Elad Or, irmão de Dror Or, afirmou que há "vontade genuína" de todos os lados para avançar na devolução dos reféns e defendeu a manutenção do cessar-fogo: "Não podemos permitir que ele colapse".

Ziv Tsioni, tio de Ran Gvili, pediu ao governo que não avance para a segunda fase do acordo antes do retorno dos reféns. A ex-refém Raz Ben Ami, também presente, disse: "Os três precisam voltar para que todos possamos voltar a viver".