
'War, no': Maduro pede que estudantes da Venezuela e dos EUA se unam contra guerra no Caribe

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, pediu aos estudantes do país para que estabeleçam contato com movimentos estudantis de universidades norte-americanas para defender a paz na região. O pedido foi feito nesta sexta-feira (21), em meio à maior presença dos Estados Unidos no Caribe nas últimas três décadas, situação que Caracas descreve como "ameaça".

"A segunda missão que estou dando às Brigadas Estudantis Venezuelanas é conectar-se com movimentos estudantis e estudantes nos EUA e dizer a eles: 'Parem a guerra, não à guerra. A Venezuela quer paz.' Unir o movimento estudantil de todas as universidades americanas ao movimento estudantil venezuelano em uma só voz, para dizer: 'War, no; no, war; yes, peace'", declarou Maduro em um evento com estudantes no Palácio de Miraflores.
Ainda segundo o presidente, as brigadas estudantis, outra forma ativa de organização popular na Venezuela, terão a missão de "proclamar o direito à paz nas ruas, cidades, bairros, comunidades e em todas as universidades do país. Com seus panfletos, seus cartazes, seus megafones, suas palavras", bem como nas redes sociais.
Maduro parabenizou a "juventude venezuelana", a quem frequentemente se refere como a "Geração Brilhante", em contraste com o rótulo "Geração Z", pela "brilhante batalha" que travam nas plataformas virtuais.
"Peço que multipliquem mil vezes o conteúdo alegre e comemorativo, para que a verdade sobre a Venezuela chegue ao nosso país e ultrapasse suas fronteiras. Esta é a primeira missão que estou dando às Brigadas Universitárias de Paz", concluiu.
Possível diálogo entre Caracas e Washington
O pedido surge em meio às expectativas de uma possível conversa entre o presidente venezuelano e seu homólogo americano, Donald Trump, que em 17 de novembro, afirmou não descartar um diálogo. Em resposta, Maduro disse estar disposto a dialogar pessoalmente com Washington, sem abandonar sua postura histórica, que inclui a rejeição de ameaças de uso da força e da imposição de ordens.
No mesmo dia, Trump declarou em entrevista que telefonaria para Maduro "em breve" porque tinha "algo muito específico" para lhe dizer, mas recusou-se a revelar o conteúdo da mensagem, bem como a fornecer detalhes sobre os seus planos para a nação sul-americana, contra a qual não descartou o lançamento de operações militares terrestres.
Maduro denuncia ameaça de invasão
No início de novembro, o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, denunciou a atual presença militar dos EUA no Caribe, a maior em décadas, classificando a ação como uma ameaça de invasão e um ataque à soberania da Venezuela. Maduro afirmou que o objetivo final dessa agressão é controlar os vastos recursos naturais do país. Em um encontro com jovens, o mandatário pediu que expressem seu apoio à ideia de que "a república deve ser livre e independente para sempre" e que a juventude "deve ser rebelde".
O presidente também alertou para o "ressurgimento" da Doutrina Monroe, que, segundo ele, visa forçar uma "mudança de regime" na região. Maduro criticou o deslocamento militar no Mar do Caribe, que inclui "porta-aviões de última geração, destróieres de mísseis e submarinos nucleares", argumentando que ele está sendo realizado sob o falso pretexto de eufemismos como "segurança" ou "combate ao narcotráfico".
Em resposta, Maduro exaltou "a Doutrina Bolivariana em defesa da independência, unidade e emancipação de nossos povos" e instou os líderes latino-americanos a se unirem para "exigir a cessação imediata dos ataques e ameaças militares".
Falso pretexto da luta contra o narcotráfico
Diante das acusações dos Estados Unidos, as autoridades venezuelanas articularam uma resposta unificada que rejeita o quadro de confronto bilateral e denuncia que se trata de uma campanha de agressão multilateral. Maduro classificou as ações de Washington como uma campanha de difamação e afirmou que essa estratégia busca manchar a imagem da Venezuela e de sua revolução como pretexto para agressões, algo que "já fizeram muitas vezes".
O presidente venezuelano explicou repetidamente que as agressões dos EUA contra a Venezuela visam "mudar o regime" no país e se apropriar de sua "imensa riqueza petrolífera".
Cronologia dos ataques
- Em agosto, os Estados Unidos enviaram navios de guerra, um submarino, caças e tropas para a costa da Venezuela, alegando sua suposta disposição em combater o narcotráfico. Desde então, foram realizados vários bombardeios a supostos lanchas com drogas no mar do Caribe e no Oceano Pacífico, deixando dezenas de mortos.
- Washington acusou Maduro, sem provas ou fundamentação, de liderar um suposto cartel de drogas. As mesmas acusações infundadas foram feitas contra o presidente colombiano Gustavo Petro, que condenou os ataques mortais contra embarcações nas águas da região.
- Em meados de outubro, o presidente dos EUA, Donald Trump, admitiu ter autorizado a CIA a realizar operações secretas em território venezuelano. Em resposta, Maduro perguntou: "Alguém acredita que a CIA não opera na Venezuela há 60 anos?" "Alguém acredita que a CIA não conspira contra o comandante [Hugo] Chávez e contra mim há 26 anos?", perguntou ele.
- As ações e pressões de Washington foram classificadas por Caracas como uma agressão, que questiona a real razão por trás das operações.
- O alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, condenou os bombardeios realizados pelos EUA contra pequenas embarcações, supostamente para combater o narcotráfico, que resultaram em mais de 60 mortos. Especialistas e governos classificaram os ataques como execuções extrajudiciais. As ações e pressões de Washington foram classificadas por Caracas como uma agressão, que questiona a real razão por trás das operações.


