Ucrânia e Europa seguem vivendo em 'mundo de ilusão', diz Putin ao comentar plano de paz de Trump

O presidente russo apontou como Kiev e seus patrocinadores europeus seguem "entusiasmados com a ideia de infligir uma derrota estratégica à Rússia no campo de batalha", ignorando a realidade do front.

O plano dos EUA para resolver o conflito ucraniano não foi discutido de forma substantiva com Moscou, devido à postura de Kiev e países europeus em evitar encarar a realidade no campo de batalha, declarou o presidente russo, Vladimir Putin, nesta sexta-feira (21), durante reunião do Conselho de Segurança da Rússia.

"Recebemos [o plano] através dos canais habituais de comunicação com a Administração norte-americana. Creio que poderia estabelecer as bases para um acordo de paz definitivo. Mas este texto não foi discutido conosco de forma substancial. E imagino por quê. A razão, creio eu, é que a própria Administração norte-americana não conseguiu até agora obter o consentimento da parte ucraniana. A Ucrânia opõe-se. Aparentemente, a Ucrânia e os seus aliados europeus continuam entusiasmados com a ideia de infligir uma derrota estratégica à Rússia no campo de batalha", declarou o presidente russo.

Em seguida, Putin sugeriu que esta postura se deve provavelmente "à falta de informação objetiva sobre a situação, sobre o estado real das coisas" no front. "Ao que parece, nem a Ucrânia nem a Europa compreendem onde isto pode levar", apontou.

Neste contexto, o presidente citou o exemplo da cidade-chave de Kupiansk, libertada esta semana pelas forças russas. "Há duas semanas, foi declarado publicamente em Kiev que não havia mais de 60 militares russos na cidade e que, segundo foi dito, nos próximos dias a cidade ficaria completamente desbloqueada pelas tropas ucranianas", lembrou.

No entanto, segundo Putin, já em 4 de novembro a cidade de Kupiansk estava "quase totalmente nas mãos das Forças Armadas russas". "As nossas tropas, por assim dizer, estavam apenas a terminar o cerco, limpando apenas alguns quarteirões e ruas. O destino da cidade já estava selado", detalhou.

"O que é que isto indica? Ou os líderes de Kiev não têm informações objetivas sobre a situação na frente, ou, mesmo tendo-as, são incapazes de avaliá-las objetivamente", esclareceu o mandatário.

Na mesma linha, Putin afirmou que, caso Kiev se recuse a discutir as propostas de Trump, "tanto eles como os incendiários da guerra europeus devem compreender que os acontecimentos ocorridos em Kupiansk se repetirão inevitavelmente noutras zonas-chave da frente".

"Em geral, estamos satisfeitos com isso, pois leva ao cumprimento dos objetivos da operação militar especial por meios armados, através do conflito armado. Mas, como já disse várias vezes, também estamos preparados para diálogos de paz, para resolver os problemas pacificamente. No entanto, isso, é claro, requer uma análise exaustiva de todos os detalhes do plano proposto. Estamos prontos para isso", resumiu Putin.