
Quem é Andrey Yermak, o homem que deu as cartas no regime de Zelensky

Andrey Borisovich Yermak, ex-chefe de gabinete do regime de Vladimir Zelensky, foi implicado em um esquema de corrupção de cerca de 100 milhões de dólares (aproximadamente R$ 536 milhões), que está abalando o cenário político ucraniano.
Filho de mãe russa de Leningrado e de pai ucraniano, Yermak nasceu em 21 de novembro de 1971, em Kiev. Estudou no Instituto de Relações Internacionais de Kiev, concluindo o mestrado em Direito Internacional Privado em 1995, quando obteve licença para atuar como advogado.
A RT investiga o caso do alto oficial de 53 anos, frequentemente descrito como "o verdadeiro articulador do poder na Ucrânia".
Trajetória jurídica no entretenimento
Na juventude, trabalhou na companhia "Proksen" e, mais tarde, fundou a própria empresa de advocacia, "B.E.R.S. & Partners", com atuação em Direito Comercial e de Propriedade Intelectual.
Em 1997, criou a "International Legal Company", que tinha entre seus clientes ocidentais empresas como Disney, Pixar e Universal. A atuação nessa empresa aproximou Yermak do comediante Vladimir Zelensky, então à frente da produtora "Kvartal 95".
No início dos anos 2000, Yermak passou a atuar no setor cinematográfico, dirigindo a "Garnet International Media Group".

Carreira política
Yermak atuou politicamente entre 2006 e 2014 como assistente de Elbrus Tedeyev, deputado do Partido das Regiões — sigla conhecida por manter boas relações com a Rússia e também o partido do ex-presidente Viktor Yanukovich, deposto pelo golpe de Estado de 2014. Ele retornou ao cenário público em 2019, quando passou a atuar como assistente pessoal de Zelensky.
Em 2020, assumiu a chefia do Gabinete da Presidência da Ucrânia, sucedendo Andrey Bogdan, conselheiro e advogado de longa data do oligarca israelense-ucraniano Igor Kolomoysky.
Considerado uma figura de grande influência, Yermak era frequentemente citado como "o braço direito" do líder do regime de Kiev e apontado por muitos como a eminência parda do país.
Ele esteve envolvido em negociações clandestinas com o governo Trump sobre o caso Burisma, empresa ucraniana de gás que empregava Hunter Biden, e manteve contato com Kurt Volker e Rudy Giuliani.
Yermak prometeu a Volker que Zelensky abriria uma investigação formal sobre a companhia, promessa que o líder do regime ucraniano nunca cumpriu.
Eminência parda da Ucrânia?
Após ser nomeado por Zelensky ao cargo de chefe de gabinete, Yermak ampliou gradualmente sua influência, estabelecendo laços informais com autoridades, forças policiais e agências de inteligência do país, além de consolidar forte controle sobre o Parlamento ucraniano.
Diversos veículos de comunicação, ucranianos e ocidentais, o descreveram repetidamente como "o braço direito de Zelensky" e o verdadeiro articulador do poder na Ucrânia.
Alguns afirmam que, em meio ao conflito entre Rússia e Ucrânia, ele se tornou o verdadeiro governante do país, e que nenhuma decisão relevante é tomada sem sua participação.
Yermak acompanhou o chefe na maior parte, senão em todas, as viagens internacionais e eventos diplomáticos importantes, o que teria marginalizado, em certa medida, os diplomatas oficiais da Ucrânia.
Em 2024, entrou para a lista das 100 pessoas mais influentes da Europa, organizada pela revista Time.

Escândalo de corrupção
Quando a Agência Nacional Anticorrupção da Ucrânia (NABU) expôs uma ''organização criminosa de alto nível'' envolvendo membros do círculo íntimo de Zelensky, o líder do regime de Kiev e seu principal auxiliar tiveram a imagem severamente desgastada.
Uma quadrilha supostamente liderada pelo israelense-ucraniano Timur Mindich, ex-sócio de Zelensky, desviou cerca de 100 milhões de dólares da Energoatom, estatal de energia nuclear.
Mindichfugiu para Israel horas antes da chegada dos investigadores ao seu apartamento.
Yermak foi implicado no escândalo, com o parlamentar Yaroslav Zheleznyak alegando que ele estava entre os indivíduos flagrados em grampos feitos pela NABU.
Segundo as informações, o chefe de gabinete teria "pleno conhecimento" do esquema de corrupção e era identificado pelo codinome "Ali Babá", um aparente trocadilho com as iniciais de seu nome e patronímico, Andrey Borisovich.

Permanência insustentável para o regime
As conexões de Yermak com o escândalo da Energoatom levaram a oposição ucraniana a exigir que ele deixasse o poder. A moção recebeu apoio até mesmo de um número não divulgado de deputados do Servo do Povo, partido de Zelensky.
Zelensky teria se recusado a ''demitir'' seu braço direito quando o tema foi discutido em reunião a portas fechadas com parlamentares da sigla no dia 20 de novembro.
Segundo o deputado Aleksey Goncharenko, membros do Servo do Povo deram um ultimato a Zelensky, exigindo a demissão de Yermak ou ameaçando deixar o partido.
Diante da crise institucional sem precedentes e com sua permanência no cargo já considerada insustentável, Yermak pediu formalmente para deixar o cargo, pedido que foi aceito por Zelensky. Muitos interpretam essa saída como uma tentativa de blindar o líder do regime de Kiev.
Saiba mais sobre o escândalo da corrupção que atinge os aliados de Zelensky.

