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Rússia na ONU: plano de paz dos EUA para Gaza é 'reminescente de práticas coloniais'

O representante Vasili Nebenzia denunciou mecanismos que desconsideram a posição de Ramallah na proposta, aprovada nesta segunda-feira com abstenção de Moscou.
Rússia na ONU: plano de paz dos EUA para Gaza é 'reminescente de práticas coloniais'AP / Abdel Kareem Hana

A resolução sobre a Faixa de Gaza aprovada pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas nesta segunda-feira (17) é "reminescente de práticas coloniais", declarou o representante permanente da Rússia na ONU, Vasili Nebenzia.

"Não poderíamos apoiar um projeto desta natureza. Agradecemos os esforços dos Estados Unidos e outros mediadores [...]. Porém, ao mesmo tempo, quando se trata de uma decisão do Conselho de Segurança da ONU como principal órgão regulador da paz e da segurança internacionais, não devemos esquecer a responsabilidade que recai sobre ele", afirmou o diplomata, acrescentando que a Rússia insistiu em instrumentos de prestação de contas e controle.

"Além disso, partimos do princípio de que a resolução deveria refletir uma base jurídica internacional geralmente reconhecida, confirmar decisões e princípios fundamentais e, destacadamente, a fórmula fundamental de dois Estados para dois povos", afirmou.

Enquanto isso, na norma adotada, as forças internacionais têm tarefas com elementos coercitivos para desarmar os grupos na Faixa de Gaza, abrindo possibilidade para torná-las parte do conflito e retirá-las do âmbito da manutenção da paz.

Segundo Nebenzia, ao desconsiderar a posição de Ramallah, somado às incertezas sobre prazos e alcances das medidas aprovadas, a medida pode "fixar a separação da Faixa de Gaza da Cisjordânia", sendo "reminescente de práticas coloniais e do Mandato Britânico da Palestina no período da Liga das Nações".

"Em resumo, o documento apresentado pelos Estados Unidos é mais um 'gato por lebre'. Em essência, o Conselho dá sua bênção à iniciativa americana com base na palavra de Washington", denunciou o diplomata.

"O principal é que este documento não se torne uma fachada para as experiências descontroladas conduzidas pelos Estados Unidos e Israel nos territórios palestinos ocupados, e não se transforme em uma sentença para a solução de dois Estados", complementou.

O representante russo concluiu sua fala mencionando iniciativas para a paz entre Israel e Hamas vetadas por Washington anteriormente, "trazendo o resultado oposto ao que se era pretendido". "Não digam que nós não avisamos", disparou.