
'Geradores de merd*': Comissão Europeia é acusada de usar IA em documentos oficiais

O Conselho Irlandês para as Liberdades Civis (ICCL) apresentou uma queixa ao Provedor de Justiça Europeu contra a Comissão Europeia pelo uso de inteligência artificial generativa em documentos públicos, em aparente violação de suas obrigações legais. A informação foi divulgada na última sexta-feira (14) pela organização, conhecida pela defesa dos direitos humanos.
"As instituições da União Europeia têm o dever de fornecer informações precisas. Ao recorrer a 'geradores de merda', elas podem estar descumprindo sua obrigação, prevista nos tratados, de garantir aos cidadãos o direito a uma boa administração", declarou o ICCL.

Segundo as informações, o órgão tentou solicitar os documentos que embasam a declaração da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, de que a IA alcançará o raciocínio humano até 2025.
O documento fornecido continha quatro links, um dos quais incluía o endereço "utm_source=chatgpt.com". Isso significa que o link foi gerado através do ChatGPT, da empresa OpenAI, explicou o ICCL.
"Não está claro se outras partes da resposta reproduzem resultados de IA generativa, nem se é prática habitual da comissão utilizar esse tipo de resultado em documentos públicos", observa a entidade.
A ICCL ressaltou ainda que os sistemas de IA generativa fornecem informações "às vezes corretas e às vezes incorretas". "Os erros não são falhas técnicas, mas sim uma característica inerente ao seu funcionamento. Eles 'preveem' as palavras seguintes com base em probabilidades. A precisão factual não é o seu ponto forte", afirmou.
"Além disso, é provável que esse uso da IA generativa contrarie as próprias diretrizes da comissão para o pessoal sobre o uso de ferramentas de inteligência artificial generativa online, que estabelecem que 'o pessoal nunca deverá reproduzir diretamente o resultado de um modelo de IA generativa em documentos públicos'", destacou o ICCL.
