
Prisioneiro de guerra ucraniano: 'Não vale a pena lutar pelo nosso governo falso e corrupto'

Ruslan Shakhun, integrante do GUR, descreveu o desembarque desastroso ocorrido no início de novembro, quando Kiev tentou romper o cerco russo em Krasnoarmeisk (Pokrovsk na Ucrânia).
Delete

Depois de passar mais de duas semanas escondido entre escombros nos arredores da cidade, ele se entregou a soldados da 30ª Brigada Motorizada Independente do agrupamento Tsentr.
Preparação de poucos dias
Shakhun relatou que havia assinado o contrato de serviço militar quando já estava há vários anos na prisão por roubo com emprego de violência depois que um conhecido lhe garantiu que ele não participaria de combates e que ficaria estacionado na retaguarda.
O prisioneiro explicou que passou seis meses em uma base na província de Kiev onde os comandantes confiscaram os telefones e os documentos dos soldados antes da operação.
VÍDEO: tropas russas eliminam ponto de apoio ucraniano com ataque de blindado T-72B3MAção ocorreu nos arredores de Krasnoarmeisk e foi conduzida por tropas do grupo Tsentr. pic.twitter.com/02RiPTUZDx
— RT Brasil (@rtnoticias_br) November 15, 2025
"De repente, chamaram todos, absolutamente todos" para uma preparação de poucos dias para participar de um desembarque de helicópteros. Em um dos exercícios de demonstração, estava presente o chefe da Direção Principal de Inteligência do Ministério da Defesa, Kirill Budanov*.
Sem uma "tarefa específica"
O prisioneiro de guerra também afirmou que os comandantes não deram ao seu grupo nenhuma "tarefa específica" em Krasnoarmeisk. "Eles simplesmente disseram: desembarquem do helicóptero e avancem para lá. Só isso", relatou.
Ao mesmo tempo, Shakhun detalhou que muitos membros de seu grupo ficaram feridos nos primeiros minutos e outros nem mesmo respondiam pelo rádio pois já haviam sido eliminados pelas forças russas. Ele também sofreu um ferimento da perna em razão do impacto de um drone que lhe "arrancou vários dedos".
Em meio à confusão que se seguiu ao desembarque, o grupo se viu envolvido em um intenso tiroteio com seus próprios companheiros: "Enquanto avançávamos, havia postos de controle. Começamos a abrir fogo contra eles, e ninguém nos avisou que eram nossos companheiros que estavam lá naqueles postos de controle", revelou.
Ao tentar escapar dos drones russos, Shakhun ficou preso no arame farpado, então teve que tirar todo o uniforme e se esconder em um prédio onde permaneceu por mais de um dia antes de se arrastar até as ruínas de outra casa onde passou cerca de duas semanas. Ao compreender o desespero da situação, começou a pedir ajuda às tropas russas.
"Gritei com todas as forças que tinha. E, após alguns dias, uma unidade da 30ª brigada me ouviu. Eles me salvaram, me tiraram de lá e me ajudaram a sair. Me prestaram os primeiros socorros", contou.
Em mensagem, o prisioneiro faz um apelo aos combatentes ucranianos para que não lutem na frente de combate: "Não vale a pena, sério. Simplesmente não vale a pena. Tive muita sorte por terem me salvado. Gritei e eles me ouviram. Muito obrigado, rapazes!", agradeceu Shakhun aos militares russos.
"Mas, na verdade, nem todos tiveram tanta sorte. Deponham as armas, não vale a pena. Pelo nosso governo falso e corrupto, não vale a pena [lutar], de verdade", concluiu.
*Listado na Rússia como terrorista e extremista.

