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Cientistas chineses descobrem método para produzir chips em massa que os EUA não poderão sancionar

O processo inovador de baixo custo será aplicado na fabricação de chips ópticos, usados em supercomputadores e centros de dados.
Cientistas chineses descobrem método para produzir chips em massa que os EUA não poderão sancionarGettyimages.ru / Xu Congjun/VCG

Cientistas chineses conseguiram desenvolver um método de baixo custo para a produção em massa de chips ópticos, usados em supercomputadores e centros de dados. A técnica, que usa tantalato de lítio, poderia ajudar a China a contornar as sanções comerciais dos EUA no setor de semicondutores.

Os chips, ou circuitos integrados fotônicos (PICs, nas siglas em inglês), são feitos com vários materiais, incluindo o niobato de lítio, conhecido por suas excelentes propriedades de conversão de dados eletrônicos em informações fotônicas, uma parte essencial do processo de conversão eletro-óptica.

"No entanto, o uso industrial dessa tecnologia [niobato de lítio] é dificultado pelo alto custo por disco e pelo tamanho limitado do disco", disseram Ou Xin, professor do Instituto de Microssistemas e Tecnologia da Informação de Xangai, e Tobias Kippenberg, do Instituto Federal Suíço de Tecnologia de Lausanne, autores do artigo publicado no início de maio na revista Nature.

Tecnologia alternativa

Nesse sentido, a equipe de Ou optou por um material semicondutor alternativo, o tantalato de lítio (LiTaO3), que tem um desempenho melhor do que o niobato de lítio e permite a produção em massa de baixo custo, pois seu processo de fabricação se assemelha aos métodos de silício comercializados.

"O tantalato de lítio já foi adotado comercialmente para filtros de radiofrequência 5G [usados em smartphones] e oferece fabricação escalonável a baixo custo, além de ter propriedades iguais e, em alguns casos, superiores às do niobato de lítio", afirma o documento.

"Em comparação com o niobato de lítio, o tantalato de lítio tem uma birrefringência muito menor, permitindo circuitos de alta densidade e operação de banda larga em todas as bandas de telecomunicações", destaca.

Como a fabricação de PICs envolve a modelagem dos discos usando técnicas litográficas seguidas de gravação e deposição de material, a equipe científica desenvolveu tecnologias de processamento compatíveis para discos de tantalato de lítio.

O projeto conseguiu demonstrar que o tantalato de lítio poderia ser gravado para criar PICs de baixo custo usando um processo baseado na tecnologia de litografia ultravioleta profunda. Os custos mais baixos seriam impulsionados pela demanda das empresas de eletrônicos de consumo.

"Nosso trabalho abre caminho para a fabricação em escala de PICs eletro-ópticos de última geração, de baixo custo e alto volume", disse Ou.

Enquanto isso, a Novel Si Integration Technology, uma start-up criada pelo instituto de Xangai, já tem a capacidade de produzir em massa discos de 8 polegadas a partir do novo material e desenvolveu métodos de microfabricação comercialmente viáveis, informa o South China Morning Post.

Evitando as sanções dos EUA

A iniciativa poderia ajudar Pequim a reduzir o impacto das sanções dos EUA destinadas a restringir o acesso do gigante asiático a chips e tecnologia avançada.

Em outubro de 2022, o Departamento de Comércio dos EUA impôs restrições ao fornecimento de supercomputadores e produtos semicondutores a 31 empresas chinesas, incluindo a Yangtze Memory Technologies Corp (YMTC), principal fabricante de chips de memória da China.