Notícias

Chile terá segundo turno das eleições presidenciais polarizado entre esquerda e direita

Jeannette Jara, membro do Partido Comunista enfrentará José Antonio Kast, do Partido Republicano. O presidente do país, Gabriel Boric, parabenizou os candidatos por avançarem para o segundo turno das eleições.
Chile terá segundo turno das eleições presidenciais polarizado entre esquerda e direitaAP / Natacha Pisarenko/Esteban Felix

Jeannette Jara, membro do Partido Comunista e representante do partido governista, enfrentará José Antonio Kast, do Partido Republicano, de direita, no segundo turno das eleições presidenciais chilenas, após ambos terem sido os candidatos mais votados no dia da eleição, neste domingo (16), e nenhum deles ter obtido votos suficientes para ser declarado vencedor no primeiro turno.

Segundo os resultados divulgados pelo Serviço Eleitoral (Servel) neste primeiro dia de votação, com 82,97% das urnas apuradas, Jara obteve 26,71% dos votos, enquanto Kast recebeu 24,12%. O segundo turno do pleito está marcado para 14 de dezembro.

"Parabenizo Jeannette Jara e José Antonio Kast por avançarem para o segundo turno (...) Desejo-lhes sucesso", disse o atual presidente do Chile, Gabriel Boric, em mensagem à nação após as eleições.

Ainda no discurso deste domingo, Boric declarou: "O Chile elegerá mais uma vez o próximo presidente do nosso país, que guiará o destino da nossa nação pelos próximos quatro anos."

"Essa decisão fundamental repousa na consciência e no voto livre e informado de cada um de vocês. Confiem que o diálogo, o respeito e o amor pelo Chile prevalecerão sobre quaisquer divergências", disse.

'Um abraço fraterno'

Em seu primeiro discurso após o anúncio dos resultados, Jara agradeceu àqueles que votaram nela, mas também cumprimentou aqueles que não votaram.

"Quero enviar um abraço fraterno hoje a todos que votaram em mim e também àqueles que não votaram; digo isso porque a democracia em nosso país deve ser protegida e valorizada, e foi preciso tanto para recuperá-la que não devemos colocá-la em risco hoje", enfatizou.

Jara é advogada e tem 51 anos. Ela foi Ministra do Trabalho e da Previdência Social entre março de 2022 e abril de 2025. Anteriormente, atuou como Subsecretária da Previdência Social durante o segundo governo de Michelle Bachelet, entre 2016 e 2018.

Para estas eleições, ela concorreu pela coligação Unidade pelo Chile, que reúne as principais forças de esquerda do país; portanto, representa a coligação governista.

Unidade da direita

Kast, por sua vez, apelou à unidade da direita antes do segundo turno das eleições. "Ainda temos um mês para continuar trabalhando", afirmou em seu discurso.

"Acredito que o que nos une é o bem do Chile, e para alcançar o bem do Chile e superar a crise que enfrentamos, em termos de segurança, economia e questões sociais que todos conhecemos, a unidade é fundamental", expressou.

Na mesma linha, acrescentou: "Tenho certeza de que, trabalhando juntos, com as diversas equipes, com as pessoas que foram escolhidas para representar as diferentes correntes de centro-direita e de direita, podemos recuperar e reconstruir nossa nação."

"Podemos ter tido divergências, e é assim que as coisas são; diferenças surgem na vida, mesmo dentro do mesmo setor, mas essas diferenças não são nada comparadas ao que vemos pela frente. O que precisamos evitar é a continuidade", insistiu.

Kast, um advogado de 59 anos, é o fundador do Partido Republicano, de direita. O ex-congressista concorre à Presidência pela terceira vez, tendo se candidatado anteriormente em 2017 (ficando em quarto lugar) e 2021 (chegando ao segundo turno, mas perdendo para Boric).

Outros candidatos

Além de Jara e Kast, seis candidatos participaram da disputa: Johannes Kaiser, Evelyn Matthei, Franco Parisi, Harold Mayne-Nicholls, Marco Enríquez-Ominami e Eduardo Artés. Para vencer no primeiro turno, um candidato precisava obter mais de 50% dos votos válidos.

Atualmente, Kaiser e Matthei, que terminaram em quarto e quinto lugar, respectivamente, declararam apoio a Kast para o segundo turno.

Quem obtiver a maioria dos votos sucederá Boric no Palácio de La Moneda. Boric, que assumiu o cargo em 2022, passará a faixa presidencial para seu sucessor em 11 de março.

Cerca de 15,7 milhões de cidadãos chilenos estavam aptos a votar. A reta final da campanha foi marcada pela preocupação pública com a segurança, apesar do Chile ser um dos países mais seguros da região. Outro tema recorrente, promovido pelos quatro candidatos conservadores, foi a rejeição à imigração.