Um indígena Guarani Kaiowá foi morto após ataque de pistoleiros na comunidade de Pyelito Kue, no município de Iguatemi, no sul do Mato Grosso do Sul. O crime ocorreu dias após a retomada de uma área reivindicada pelos indígenas, intensificando a tensão fundiária na região.
A Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) confirmou a morte neste sábado (16), informando que equipes do órgão e do Departamento de Mediação e Conciliação de Conflitos Fundiários Indígenas (DEMED/MPI) acompanham o caso. Os responsáveis pela Segurança Pública foram acionados, mas até o momento nenhum suspeito foi identificado ou detido.
Segundo a Funai, o assassinato aconteceu em um cenário de escalada nos conflitos entre indígenas e grupos armados. A comunidade de Pyelito Kue integra um conjunto de áreas retomadas recentemente pelos Guarani Kaiowá, que denunciam o avanço do agronegócio, a pulverização aérea de agrotóxicos e a contaminação da água e do solo.
De acordo com os indígenas, os ataques ocorrem com frequência e envolvem homens armados que agem com apoio de fazendeiros da região. A presença de pistoleiros tem sido relatada com recorrência nos territórios em disputa, mas o combate a essas milícias privadas ainda não tem resposta eficaz por parte das autoridades.
Em 3 de novembro, o Ministério dos Povos Indígenas, o Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA) e o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) criaram um Grupo de Trabalho Técnico (GTT) para mediar os conflitos fundiários no sul do estado. O grupo realiza reuniões semanais e prepara estudos sobre a situação de terras públicas e privadas.
A violência contra os Guarani Kaiowá não é um episódio isolado. Organizações indígenas denunciam que a morte de lideranças e jovens ocorre em meio à disputa por territórios tradicionais que seguem sem demarcação efetiva. As comunidades afirmam que vivem sob constante ameaça.