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EUA fazem novo ataque contra 'barco do narcotráfico' no Pacífico

Três pessoas morreram na ação, ocorrida no sábado (15).
EUA fazem novo ataque contra 'barco do narcotráfico' no PacíficoReprodução/@Southcom

Os Estados Unidos realizaram no sábado (15) um novo "ataque cinético letal" contra uma embarcação no Pacífico, sob ordens do secretário de Guerra, Pete Hegseth. Em publicação na rede social X neste domingo (16), o Comando Sul do Exército norte-americano informou que o barco transportava drogas.

"Informações de inteligência confirmaram que a embarcação estava envolvida no contrabando de narcóticos ilícitos, transitando por uma rota conhecida de narcotráfico e transportando entorpecentes", escreveu o perfil oficial.

A publicação afirma ainda que o barco "transportava drogas no Pacífico Oriental e foi atingido em águas internacionais".

Ataques constantes

No início de novembro, Washington realizou diversos ataques a pequenas embarcações no Caribe e no Pacífico, somando-se a uma série de agressões realizadas pelos Estados Unidos nos últimos meses como parte de uma suposta operação contra o narcotráfico. Os ataques mais recentes ocorreram nos dias 9 e 10 de novembro.

As ações foram descritas como "execuções extrajudiciais" por diversas organizações de direitos humanos e especialistas em direito internacional, uma vez que são realizadas sem julgamentos, sem supervisão judicial e fora de qualquer mandato das Nações Unidas (ONU).

Desde o início das operações, com o anúncio do primeiro ataque no Caribe em 2 de setembro, autoridades americanas divulgaram apenas imagens dos bombardeios, sem mostrar a carga que supostamente transportavam, já que as embarcações foram destruídas. No entanto, após o segundo ataque, Trump declarou à imprensa que tinha "provas" de que a embarcação transportava drogas para os EUA.

Falso pretexto da luta contra o narcotráfico

Diante das acusações dos Estados Unidos, as autoridades venezuelanas articularam uma resposta unificada que rejeita o quadro de confronto bilateral e denuncia que se trata de uma campanha de agressão multilateral. Maduro classificou as ações de Washington como uma campanha de difamação e afirmou que essa estratégia busca manchar a imagem da Venezuela e de sua revolução como pretexto para agressões, algo que "já fizeram muitas vezes".

O presidente venezuelano explicou repetidamente que as agressões dos EUA contra a Venezuela visam "mudar o regime" no país e se apropriar de sua "imensa riqueza petrolífera".

Cronologia dos ataques

  • Em agosto, os Estados Unidos enviaram navios de guerra, um submarino, caças e tropas para a costa da Venezuela, alegando sua suposta disposição em combater o narcotráfico. Desde então, foram realizados vários bombardeios a supostos lanchas com drogas no mar do Caribe e no Oceano Pacífico, deixando dezenas de mortos.
  • Washington acusou Maduro, sem provas ou fundamentação, de liderar um suposto cartel de drogas. As mesmas acusações infundadas foram feitas contra o presidente colombiano Gustavo Petro, que condenou os ataques mortais contra embarcações nas águas da região.
  • Em meados de outubro, o presidente dos EUA, Donald Trump, admitiu ter autorizado a CIA a realizar operações secretas em território venezuelano. Em resposta, Maduro perguntou: "Alguém acredita que a CIA não opera na Venezuela há 60 anos?" "Alguém acredita que a CIA não conspira contra o comandante [Hugo] Chávez e contra mim há 26 anos?", perguntou ele.
  • As ações e pressões de Washington foram classificadas por Caracas como uma agressão, que questiona a real razão por trás das operações.
  • O alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, condenou os bombardeios realizados pelos EUA contra pequenas embarcações, supostamente para combater o narcotráfico, que resultaram em mais de 60 mortos. Especialistas e governos classificaram os ataques como execuções extrajudiciais. As ações e pressões de Washington foram classificadas por Caracas como uma agressão, que questiona a real razão por trás das operações.
  • Os bombardeios também foram criticados pelos governos de países como ColômbiaMéxico e Brasil, bem como por peritos da ONU, que afirmaram tratar-se de "execuções sumárias", em violação ao que consagra o direito internacional.