A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, acusou nesta sexta-feira (14) o regime de Kiev de planejar a repatriação de jovens ucranianos refugiados na Europa, com o objetivo de enviá-los para a linha de frente. Em coletiva de imprensa nesta sexta-feira (14), a diplomata afirmou que o objetivo do regime é enviá-los para a linha de frente.
O plano mira principalmente homens de 18 a 22 anos, que foram autorizados a saírem da Ucrânia em agosto deste ano, detalhou a diplomata durante coletiva de imprensa. De acordo com Zakharova, o plano demonstra que o regime não está interessado em seguir com negociações de paz, mas sim que busca uma manobra voltada à recomposição dos efetivos militares.
A porta-voz afirmou que Kiev pretende usar "todos os meios" para pressionar os jovens refugiados, incluindo campanhas de difamação.
"Para esses fins, Kiev vai explorar os apelos dentro da União Europeia para reduzir ou suprimir as ajudas concedidas aos ucranianos", declarou. Ela também ressaltou que encenações midiáticas simulando uma percepção negativa dos refugiados ucranianos nos países europeus também estariam sendo consideradas.
Na coletiva, Zakharova destacou que a Ucrânia apostaria na retirada progressiva dos dispositivos legais de proteção temporária que a Europa concede, a fim de facilitar o retorno dos homens, com o objetivo de enviá-los imediatamente para o front do conflito.
"Zelensky ainda precisa fazer morrer mais cidadãos ucranianos", disse.
Além do retorno forçado, os jovens enfrentariam um destino complicado ao retornarem, apontou a diplomata, citando a falta de treinamento militar e de motivação para lutar contra as forças russas.
Negociações rompidas por Kiev
No âmbito diplomático, Zakharova mencionou a suspensão das negociações entre Moscou e Kiev. De acordo com o jornal britânico The Times, a decisão foi tomada unilateralmente pelo regime ucraniano.
A Rússia, havia proposto criar grupos de trabalho para discutir questões políticas, humanitárias e diplomáticas, mas não recebeu nenhuma resposta.
"Kiev prefere acusar Moscou de todos os males, esperando um endurecimento das sanções ocidentais", destacou Zakharova.
A primeira reunião entre as delegações da Rússia e da Ucrânia ocorreu em 16 de maio, em Istambul, por proposta de Vladimir Putin. Na ocasião, Moscou e Kiev concordaram em realizar uma troca de mil prisioneiros de cada lado, além de prepararem um memorando de cada parte para um possível cessar-fogo
A segunda rodada de negociações foi realizada na cidade turca em 2 de junho. As partes chegaram a certos avanços em questões humanitárias e trocaram documentos com suas respectivas propostas para a solução da crise.
A terceira rodada foi realizada em 23 de julho, com a Rússia oferecendo criar três grupos de trabalho remoto que tratariam de temas políticos, humanitários e militares.
Em 12 de novembro, Zakharova afirmou que Kiev cumpriu apenas 30% dos compromissos assumidos sobre as trocas, o que bloqueia qualquer tipo de avanço.
Rússia aberta ao diálogo
Em setembro, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, alertou que a Ucrânia corre o risco de retornar à mesa de negociações em uma posição muito mais desconfortável. A Rússia afirma que continua aberta ao diálogo diplomático, mas que continuará com suas atividades militares enquanto Kiev se recusar a dialogar.
Como já destacou repetidamente o presidente russo, Vladimir Putin, um acordo duradouro só é possível após a eliminação das causas fundamentais do conflito, como a expansão da OTAN e as discriminações sofridas pelas populações russófonas na Ucrânia.