Pequim: Relação Brasil-China pode se tornar a "espinha dorsal" de uma nova ordem internacional

Representante do Governo chinês menciona complementaridade comercial e afinidades na área diplomática.

A relação Brasil-China pode se tornar a "espinha dorsal" de uma ordem internacional reformista, defende Yu Peng, cônsul-geral da China em São Paulo, ao apontar para as ''complementaridades'' no âmbito comercial e para os objetivos diplomáticos compartilhados por ambos os países.

''A China e o Brasil sempre praticaram o multilateralismo genuíno e se opuseram tanto aos blocos políticos de pequenos círculos quanto ao pensamento unilateral que prioriza apenas o próprio país'', escreve o representante do Governo chinês em um artigo de sua autoria publicado neste sábado pelo jornal Folha de São Paulo.

Conforme apontado pelo cônsul, Pequim e Brasília historicamente defendem mudanças nas estruturas de governança global. Bem como o presidente Lula da Silva (alinhado às bandeiras longevas e transpartidárias do Itamaraty), a China apoia reformas na composição do Conselho de Segurança, que não possui um único representante permanente latino-americano ou africano

Reformas na instituição deveriam aumentar a ''representação e a voz dos países em desenvolvimento, permitindo que mais países de pequeno e médio porte tenham mais oportunidades de participar da tomada de decisões do conselho", declarou publicamente Wang Yi, ministro das Relações Exteriores da China, no ano passado.

Brasília e Pequim também se opõem ao domínio de instituições Ocidentais como o Fundo Monetário Internacional ou o Banco Mundial através de iniciativas como o Novo Banco de Desenvolvimento (o Banco do BRICS), que oferece opções de financiamento e empréstimo em condições não-vinculantes e mais atrativas.

"A nova tecnologia energética da China contribuiu para o desenvolvimento verde e sustentável do Brasil, e ambos os países se tornaram intrinsecamente ligados", argumenta o representante do Governo chinês, em referência às transações entre o Brasil e o seu principal parceiro comercial. 

O oficial também aponta para demandas chinesas respondidas pelo Brasil em setores como "a carne bovina, o café, a soja, o milho e diversos outros produtos agrícolas brasileiros de alta qualidade que atravessaram o oceano e enriqueceram a mesa dos chineses".