Rússia se opõe ao uso da força pelos EUA na Venezuela, afirma Zakharova

"A luta contra as drogas não deve ser usada como ferramenta de pressão contra Estados soberanos", declarou a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia.

A Rússia se opõe ao uso da força pelos Estados Unidos contra a Venezuela, declarou a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores russo, Maria Zakharova, nesta sexta-feira (14).

"A luta contra as drogas não deve ser usada como ferramenta de pressão contra Estados soberanos. Nós nos opomos ao uso da força para interferir em assuntos internos e acreditamos que, quando se trata de combater o narcotráfico, principalmente nos Estados Unidos, o que é necessário é a consolidação dos esforços internacionais, bem como dos esforços regionais", declarou.

"A solução eficiente poderia ser encontrada nos esforços coletivos e nos mecanismos legais internacionais e, naturalmente, abandonando essa pressão militar em grande escala que o Pentágono vem exercendo. Isso vai muito além dos objetivos declarados pela parte americana e prejudica a soberania da Venezuela", acrescentou.

A porta-voz também apelou à comunidade internacional para que avalie essa medida de forma adequada, a fim de evitar um "cenário desastroso".

Suas declarações foram feitas no contexto do anúncio da "Operação Lança do Sul" pelo Pentágono.

De acordo com o secretário de Guerra dos EUA, Pete Hegseth, a missão visa "eliminar os narcoterroristas do nosso hemisfério e proteger nossa pátria das drogas que estão matando nosso povo".

O porta-voz presidencial russo, Dmitri Peskov, indicou que o Kremlin espera que Washington não tome medidas que possam desestabilizar a situação na Venezuela e no Caribe.

A agressão dos EUA contra a Venezuela

Desde agosto, os Estados Unidos têm destacado uma força militar significativa na costa da Venezuela composta por navios de guerra, submarinos, aviões de combate e tropas, justificando essas ações como parte da luta contra o narcotráfico. Desde então, os militares realizaram vários bombardeios contra embarcações que supostamente transportavam drogas no Mar do Caribe e no Oceano Pacífico, deixando mais de 70 mortos.

Paralelamente, Washington acusou o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, de liderar uma organização de tráfico de drogas, sem apresentar provas que sustentem tal afirmação.

Falso pretexto da luta contra o narcotráfico

Diante das acusações dos Estados Unidos, as autoridades venezuelanas articularam uma resposta unificada que rejeita o quadro de confronto bilateral e denuncia que se trata de uma campanha de agressão multilateral. Maduro classificou as ações de Washington como uma campanha de difamação e afirmou que essa estratégia busca manchar a imagem da Venezuela e de sua revolução como pretexto para agressões, algo que "já fizeram muitas vezes".

O presidente venezuelano explicou repetidamente que as agressões dos EUA contra a Venezuela visam "mudar o regime" no país e se apropriar de sua "imensa riqueza petrolífera".

Condenações internacionais

A posição venezuelana encontrou apoio na comunidade internacional. O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, declarou que as ações dos Estados Unidos "não levarão a nada de bom". Classificando como inaceitável a destruição de navios sem "julgamento ou processo", o ministro das Relações Exteriores afirmou que "é assim que agem os países fora da lei". Além disso, alertou que a política do governo Trump "não melhorará a reputação de Washington perante a comunidade internacional".

Além disso, as operações militares, que incluem bombardeios contra barcos de pequeno porte, foram condenadas pelo alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Türk, bem como pelos governos da Colômbia, México e Brasil. Especialistas internacionais classificaram esses ataques como "execuções sumárias" que violam o direito internacional.