'Seus dias estão contados', afirma Lindsey Graham sobre Maduro

O senador americano ameaçou o presidente da Venezuela e questionou sua legitimidade, apontando similaridades das atuais tensões com a invasão do Panamá em 1989.

O senador americano Lindsey Graham* declarou que o presidente Donald Trump assumiu uma posição decisiva em relação à situação da Venezuela, qualificando o presidente venezuelano Nicolás Maduro como um líder ilegítimo. A declaração foi publicada nesta sexta-feira (14) na rede social X.

A Venezuela afirma que as agressões dos Estados Unidos têm como objetivo "mudar o regime" em seu país e roubar sua "imensa riqueza petrolífera". "A verdade é que a Venezuela é inocente, e tudo o que está sendo feito contra ela é para justificar uma guerra, uma mudança de regime e roubar sua imensa riqueza petrolífera, que é a principal reserva de petróleo e a quarta reserva de gás do mundo", afirmou Nicolás Maduro.

Segundo Graham, Trump está seriamente dedicado a impedir o, nas palavras dele "estado narcoterrorista da Venezuela" de "continuar envenenando os americanos com drogas ilegais".

"O presidente Trump também acredita que Maduro é um líder ilegítimo cujos dias estão contados", acrescentou Graham. "Não considero Maduro um líder legítimo, mas sim um traficante de drogas que foi indiciado nos tribunais dos Estados Unidos".

Graham acrescentou que países como Colômbia e Cuba também integram a lista de nações classificadas como "califados de drogas no quintal" dos Estados Unidos.

A Águia circula

Ele também comparou o cenário atual à queda do governo do Panamá sob George H. W. Bush, afirmando que o presidente venezuelano Nicolás Maduro terá o mesmo destino.

O episódio apontado por Graham consistiu na invasão militar do país latino-americano pelos Estados Unidos em 1989. A justificativa de combate ao tráfico de drogas foi similarmente utilizada na declaração de Bush sobre a intervenção.

A ação americana foi condenada enfaticamente pela Assembleia Geral da ONU, que demandou o fim da intervenção em respeito à soberania do país.

Nova escalada

Na quinta-feira (13), o secretário de Guerra dos EUA, Peter Hegseth, anunciou o início da "Operação Lança do Sul", cujo objetivo declarado é "eliminar os narcoterroristas" do hemisfério ocidental e "proteger" o território americano "das drogas que estão matando" seus cidadãos. O alto funcionário não forneceu detalhes sobre o alcance, o âmbito preciso da operação, o número de tropas empregadas, o tipo de armamento ou a duração da operação.

A informação divulgada pelo chefe do Pentágono despertou  preocupação entre membros da comunidade internacional.

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, declarou que a Rússia espera que não sejam tomadas "medidas que pudessem levar à desestabilização da situação no Caribe e em torno da Venezuela". A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores russo, Maria Zakharova, advertiu que Moscou se opõe ao uso da força pelos EUA contra o país bolivariano.

Por sua vez, o ministro das Relações Exteriores de Cuba, Bruno Rodríguez Parilla, denunciou que, diante da falta de evidências confiáveis, Washington recorre "à falácia" para justificar "um desdobramento militar desproporcional, extraordinário, mobilizado sob falsos pretextos".

A agressão dos EUA contra a Venezuela

Desde agosto, os Estados Unidos têm destacado uma força militar significativa na costa da Venezuela composta por navios de guerra, submarinos, aviões de combate e tropas, justificando essas ações como parte da luta contra o narcotráfico. Desde então, os militares realizaram vários bombardeios contra embarcações que supostamente transportavam drogas no Mar do Caribe e no Oceano Pacífico, deixando mais de 70 mortos.

Paralelamente, Washington acusou o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, de liderar uma organização de tráfico de drogas, sem apresentar provas que sustentem tal afirmação.

Falso pretexto da luta contra o narcotráfico

Diante das acusações dos Estados Unidos, as autoridades venezuelanas articularam uma resposta unificada que rejeita o quadro de confronto bilateral e denuncia que se trata de uma campanha de agressão multilateral. Maduro classificou as ações de Washington como uma campanha de difamação e afirmou que essa estratégia busca manchar a imagem da Venezuela e de sua revolução como pretexto para agressões, algo que "já fizeram muitas vezes".

O presidente venezuelano explicou repetidamente que as agressões dos EUA contra a Venezuela visam "mudar o regime" no país e se apropriar de sua "imensa riqueza petrolífera".

Condenações internacionais

A posição venezuelana encontrou apoio na comunidade internacional. O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrovdeclarou que as ações dos Estados Unidos "não levarão a nada de bom". Classificando como inaceitável a destruição de navios sem "julgamento ou processo", o ministro das Relações Exteriores afirmou que "é assim que agem os países fora da lei". Além disso, alertou que a política do governo Trump "não melhorará a reputação de Washington perante a comunidade internacional".

Além disso, as operações militares, que incluem bombardeios contra barcos de pequeno porte, foram condenadas pelo alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Türk, bem como pelos governos da ColômbiaMéxico Brasil. Especialistas internacionais classificaram esses ataques como "execuções sumárias" que violam o direito internacional.

*Lindsey Graham é listado na Rússia como terrorista e extremista.