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Jogo de espiões no Iêmen: detidos detalham operação comandada por EUA, Israel e Arábia Saudita

As confissões divulgadas apontam para operações secretas de inteligência estrangeira que podem contribuir para a retomada e escalada dos conflitos na região.
Jogo de espiões no Iêmen: detidos detalham operação comandada por EUA, Israel e Arábia SauditaTvAlmasirah

O jornal iemenita Al-Masirah divulgou na quinta-feira (13) uma série de vídeos com as confissões de vários espiões detidos, que descreveram a estrutura interna e as funções operacionais de uma célula de espionagem vinculada aos serviços de inteligência dos Estados Unidos, Israel e Arábia Saudita.

De acordo com o material divulgado pela mídia houthi, a rede estava organizada sob uma hierarquia multinacional que combinava oficiais estrangeiros e recrutas locais, cada um com tarefas específicas dentro de um esquema secreto de vigilância, coleta de dados e coordenação operacional.

O organograma apresentado mostrava que a cadeia de comando se iniciava na sala de operações conjuntas das agências de inteligência "norte-americana, israelense e saudita". Neste nível, participavam oficiais de inteligência estrangeiros, operadores especializados e três oficiais sauditas encarregados de servir como elos de ligação diretos com os espiões e novos recrutas.

Confissões detalhadas

Entre os espiões apontados, destaca-se Ali Qasim Ahmed al-Bakali, considerado o elemento principal da célula e atualmente "assessor do chamado Ministério da Cultura para mercenários", em referência à pasta ocupada por Muammar al-Eryani no governo internacionalmente reconhecido do Iêmen, opositor ao movimento Houthi.

Segundo a investigação, al-Bakali tinha a missão de "recrutar e operar espiões para monitorar e compilar informações", seguindo instruções diretas da sala de operações de inteligência.

Um dos detidos, identificado como Ali Ali Ahmed, de 40 anos, forneceu confissões detalhadas sobre seu processo de recrutamento e treinamento. O homem contou que foi recrutado em um mercado em Sana'a, capital do Iêmen, repassando informações a oficiais sauditas em troca de dinheiro, antes de ser levado para treinamento na capital saudita, Riade.

Possibilidade de escalada?

A divulgação dos depoimentos vem dias após declarações do líder Houthi, Sayyed Abdulmalik Badr al-Din al-Houthi, alertando para a inevitabilidade do confronto continuado com Israel, como noticiado pela agência de notícias Saba.

"Estamos inevitavelmente caminhando para mais uma rodada de confrontos com o inimigo israelense, e nossa região não poderá testemunhar estabilidade, segurança ou paz enquanto o inimigo israelense continuar ocupando a Palestina e prosseguindo com seu plano sionista contra nós, enquanto nação muçulmana", afirmou al-Houthi.

No mesmo sentido, o atual Chefe do Estado-Maior dos Houthis, Youssef al-Madani, publicou nota reafirmando as condolências pelo assassinato de seu antecessor, al-Ghamari, e alertando para a prontidão de suas capacidades militares em face do cessar-fogo em Gaza.

"Estamos acompanhando de perto os desdobramentos e declaramos que, se o inimigo retomar sua agressão contra Gaza, retornaremos às nossas operações militares em território sionista e restabeleceremos a proibição da navegação israelense nos mares Vermelho e Arábico", escreve a nota.