'Governo dos EUA tem problemas muito sérios, mas prefere olhar para fora', denuncia Caracas

O ministro do Interior, Justiça e Paz da Venezuela, Diosdado Cabello, descreveu como um “caos” a recente greve no setor de aviação civil dos Estados Unidos, que provocou o cancelamento e o atraso de milhares de voos.

O governo dos Estados Unidos tem "problemas internos muito graves", mas, em vez de se dedicar a resolvê-los, prefere direcionar seus esforços para o exterior, denunciou o ministro Interior, Justiça e Paz da Venezuela, Diosdado Cabello em seu programa "Con el Mazo Dando" na quarta-feira (12).

O ministro comentou assim a greve dos controladores de tráfego aéreo nos EUA, que resultou no cancelamento de cerca de 1.500 voos devido à falta de pagamento desses funcionários e de outros membros do pessoal aeronáutico por causa da paralisação do governo federal. Cabello chamou o ocorrido de "um caos".

Agressões dos Estados Unidos

Em agosto, os Estados Unidos enviaram navios de guerra, um submarino, caças e tropas para a costa da Venezuela alegando o suposto objetivo de combater o narcotráfico. Desde então, foram realizados vários bombardeios a supostas lanchas transportando drogas no mar do Caribe e no Oceano Pacífico, deixando dezenas de mortos.

Washington acusou Maduro, sem provas ou fundamentação, de liderar um suposto cartel de drogas. As mesmas acusações infundadas foram feitas contra o presidente colombiano Gustavo Petro, que condenou os ataques mortais contra embarcações nas águas da região.

Em meados de outubro, o presidente dos EUA, Donald Trump, admitiu ter autorizado a CIA a realizar operações secretas em território venezuelano. Em resposta, Maduro perguntou: "Alguém acredita que a CIA não opera na Venezuela há 60 anos?" "Alguém acredita que a CIA não conspira contra o comandante [Hugo] Chávez e contra mim há 26 anos?", perguntou ele.

As ações e pressões de Washington foram classificadas por Caracas como uma agressão, que questiona a real razão por trás das operações.

Essa posição também foi adotada pelo Representante Permanente da Rússia nas Nações Unidas, Vasily Nebenzia, que declarou em uma reunião do Conselho de Segurança que as ações dos EUA no Caribe não são exercícios militares comuns, mas sim uma "campanha flagrante de pressão política, militar e psicológica contra o governo de um Estado independente".

O alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türkcondenou os bombardeios realizados pelos EUA contra pequenas embarcações, supostamente para combater o narcotráfico, que resultaram em mais de 60 mortos. Especialistas e governos classificaram os ataques como execuções extrajudiciais. 

Os bombardeios também foram criticados pelos governos de países como ColômbiaMéxico e Brasil, bem como por peritos da ONU, que afirmaram tratar-se de "execuções sumárias", violando o direito internacional.