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MPRJ identifica execuções e decapitações entre mortos de operação no Rio

Análise dos corpos revelou indícios de tiros a curta distância e mutilação; Ministério Público cobra revisão das imagens das câmeras de agentes e esclarecimentos sobre o padrão das mortes.
MPRJ identifica execuções e decapitações entre mortos de operação no RioAP / Silvia Izquierdo

O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) detectou evidências de mortes com padrões irregulares entre os 121 corpos resultantes da Operação Contenção, realizada em 28 de outubro nos complexos do Alemão e da Penha. Um relatório técnico, obtido e divulgado na quarta-feira (12) pela imprensa, aponta pelo menos dois casos anômalos: um com sinais de disparo de arma a curta distância e outro com indícios de decapitação por objeto cortante.

Técnicos do MPRJ acompanharam as necropsias no Instituto Médico Legal Afrânio Peixoto entre 28 e 30 de outubro, examinando 378 varreduras periciais. Todos os falecidos eram homens de 20 a 30 anos, com ferimentos típicos de munições de alta potência, como as de fuzis. No entanto, os dois casos destacados se desviam do padrão de tiroteio comum.

O documento recomenda uma revisão detalhada das gravações das câmeras corporais dos policiais envolvidos, além de mapeamento do local dos confrontos, para esclarecer as circunstâncias. Segundo o relatório, muitos corpos apresentavam vestimentas militares, coletes, botas e itens como munição, drogas e celulares, além de tatuagens associadas a grupos criminosos. Ainda assim, as lesões atípicas sugerem que nem todas as mortes ocorreram em situações idênticas.

  • A operação, que mobilizou cerca de 2,5 mil agentes das polícias Civil e Militar contra o Comando Vermelho, resultou em 121 mortes (incluindo quatro policiais), 113 prisões e apreensão de 93 fuzis. Ela provocou retaliações criminosas, com bloqueios em vias expressas, levando o Rio a um estágio operacional elevado e paralisação do transporte público. O governo estadual defendeu a ação como essencial para conter a facção, com o secretário de Segurança Pública prometendo continuidade.