
Rússia denuncia censura de jornal italiano em entrevista com Lavrov

O Ministério das Relações Exteriores da Rússia denunciou nesta quarta-feira (12) que o jornal italiano Corriere della Sera praticou censura ao cortar grande parte de uma entrevista concedida pelo chanceler Sergey Lavrov. Segundo a chancelaria, o material completo, com dez páginas, foi reduzido a apenas três na versão publicada.
De acordo com Moscou, a entrevista foi proposta pelo próprio Corriere, que enviou perguntas extensas e detalhadas sobre temas como o conflito na Ucrânia, a atuação da OTAN e as sanções impostas pela União Europeia.
"Os editores do jornal concordaram com entusiasmo. Enviaram-nos uma extensa lista de perguntas para a entrevista. O Ministro respondeu a cada uma delas de forma exaustiva", afirmou o Ministério das Relações Exteriores em comunicado.

O texto preparado para publicação, segundo o governo russo, foi recusado pela redação italiana. "Nos explicaram que as palavras de Lavrov contêm muitas afirmações controversas que exigem verificação de fatos ou esclarecimentos adicionais, cuja publicação teria excedido os limites razoáveis", disse o ministério. Moscou informou que propôs uma solução intermediária: publicar um resumo no jornal e o conteúdo completo no site, mas o veículo recusou.
"Consideramos isso uma censura flagrante", afirmou o ministério em comunicado, acrescentando que os cidadãos italianos têm direito de acesso à informação, garantido pelo Artigo 19 da Declaração Universal dos Direitos Humanos.
A chancelaria russa divulgou as duas versões da entrevista: a completa e a editada, e afirmou que o jornal "removeu deliberadamente" todos os trechos "inconvenientes para a Roma oficial". O órgão classificou o episódio como um exemplo de como "informações objetivas sobre a situação na Ucrânia são ocultadas dos cidadãos italianos, enganando-os deliberadamente".
