Gigantes brasileiras realizam exportações para a China em moeda chinesa
A Vale e a Suzano, duas das principais empresas brasileiras a realizarem exportações para a China, realizaram operações com o yuan (também chamado de renminbi), conforme publicado nesta quarta-feira pelo veículo Folha de São Paulo.
Ao veículo, representantes da gigante brasileira no setor de mineração confirmaram já ter realizado vendas de minério de ferro apenas usando o yuan, sem conversão ao real. Já a Suzano declarou estar realizando apenas pequenos projetos, em um processo de adquirir experiência.
"Não tenho dúvidas de que a China se tornará mais relevante no mercado global", enquanto "o dólar se tornará menos relevante" declarou Walter Schalka, CEO da Suzano, ao comentar sobre o assunto em uma entrevista concedida ainda em 2023. O país responde por 43% de toda a celulose exportada pela Suzano, que é a principal companhia de papel da América Latina.
Ao listar algumas das vantagens que grandes exportadoras brasileiras podem desfrutar ao adotar a estratégia, David Cohen, tesoureiro do Bocom (Banco de Comunicações da China), mencionou uma facilitação na logística, ao passo que "muitas delas possuem estruturas", como escritórios e maquinários, na China. Ele também mencionou a existência de uma "grande vantagem de condições de financiamento", visto que os juros da China são bem mais baixos do que os norte-americanos.
Em outubro do ano passado, o Bocom e o ICBC (banco Industrial e Comercial da China) haviam realizado o primeiro empréstimo transfronteiriço em moeda chinesa no Brasil ao conceder 1,3 bilhão de yuans (R$ 927,5 milhões) à Usina Hidrelétrica de São Simão - também ligada a um grupo chinês.
A desdolarização, que representa o processo de substituição do dólar nas transações comerciais e financeiras externas, é uma das principais bandeiras da organização BRICS. Segundo estimativas recentes, 95% do comércio entre a China e a Rússia já não passa pela moeda dos EUA.