'Farsa', diz Trump sobre e-mails de Epstein que o citam em encontro com vítima de abuso sexual

Presidente dos Estados Unidos afirmou ser alvo de uma "armadilha" após democratas da Câmara tornarem públicos e-mails de Jeffrey Epstein.

O presidente Donald Trump reagiu nesta quarta-feira (12) à divulgação de e-mails de Jeffrey Epstein que o citam em um suposto encontro com uma das vítimas de tráfico sexual do financista. Em sua rede Truth Social, Trump classificou a iniciativa como uma "armadilha".

"Os democratas estão tentando ressuscitar a farsa de Jeffrey Epstein porque farão de tudo para desviar a atenção do quão desastrosos foram com a paralisação do governo e tantos outros assuntos. Só um republicano muito ruim, ou estúpido, cairia nessa armadilha", escreveu o mandatário.

Trump também afirmou que "não deve haver desvios de atenção para Epstein ou qualquer outra coisa", ressaltando que os "republicanos envolvidos devem se concentrar apenas em reabrir o país e reparar os enormes danos causados ​​pelos democratas!".

Segundo informações divulgadas pelo jornal The Washington Post, a Casa Branca também criticou a divulgação dos documentos, chamando-a "atitude de má-fé". A secretária de imprensa Karoline Leavitt afirmou que "a verdade é que o presidente Trump expulsou Jeffrey Epstein de seu clube décadas atrás por comportamento inadequado com funcionárias, incluindo [Virginia] Giuffre".

Ainda segundo o jornal, Giuffre, identificada nos e-mails como a vítima mencionada por Epstein, morreu por suicídio em abril. Em seu livro póstumo Nobody’s Girl, ela relatou ter encontrado Trump uma única vez e afirmou que ele "não poderia ter sido mais amigável", sem fazer qualquer acusação de crime.

Divulgação dos e-mails

Os democratas do Comitê de Supervisão da Câmara divulgaram uma série de mensagens obtidas do espólio de Epstein, entregues após uma intimação emitida em agosto, disse o Washington Post.

Em um dos e-mails, datado de 2011, Epstein escreveu à parceira Ghislaine Maxwell, mais tarde condenada por tráfico sexual, que Trump havia "passado horas em minha casa" com uma das vítimas, acrescentando que o episódio "nunca foi mencionado" pela polícia. O financista comparou o ex-presidente a "um cachorro que não latiu".

Outro e-mail, de 2019, enviado ao escritor Michael Wolff, dizia que Trump "sabia das meninas, pois pediu a Ghislaine para parar". Em uma troca de 2015, Wolff sugeriu que Epstein "deixasse Trump se enforcar" caso ele negasse ter visitado a casa ou o avião do financista, o que, segundo o autor, poderia se tornar uma "moeda de relações públicas".

Repercussão na política dos EUA

Republicanos do Comitê de Supervisão acusaram os democratas de agirem de forma "descuidada" e "seletiva" na divulgação dos arquivos.

"O espólio de Epstein já entregou mais de 20 mil páginas de registros, mas os democratas continuam retendo documentos que citam autoridades de seu próprio partido", disse uma integrante republicana ao Washington Post.

A matéria diz ainda que os documentos também incluem registros de voos e agendas com nomes de empresários e políticos, entre eles o investidor Peter Thiel, aliado de Trump. Segundo a Valar Ventures, empresa cofundada por Thiel, Epstein se reuniu com representantes da firma uma única vez, em 2014, e investiu cerca de US$ 40 milhões entre 2015 e 2016.

O jornal afirma que o Comitê também intimou o Departamento de Justiça a entregar arquivos relacionados às investigações de Epstein, incluindo transcrições de entrevistas com o ex-secretário do Trabalho Alexander Acosta, que atuava como principal procurador federal no sul da Flórida quando Epstein recebeu um acordo judicial amplamente criticado, e o ex-procurador-geral William Barr.

Trump nega qualquer envolvimento em irregularidades e diz ter rompido com Epstein "muito antes de sua prisão". "Tive um desentendimento com ele há muito tempo. Não falo com ele há 15 anos. Nunca fui fã", declarou o republicano em 2019.