Soldados do regime de Kiev que se renderam ao Exército russo nas proximidades de Kupiansk, na região de Kharkov, denunciaram que receberam ordens para atirar em civis.
Em vídeo divulgado pelo Ministério da Defesa da Rússia, os dois militares afirmaram que não obedeceram aos comandos e se entregaram voluntariamente após serem abandonados por seus superiores.
"Nossa tarefa era cavar trincheiras e manter a posição. E havia civis lá também. Quando eles saíram, [o comando] nos disse para não deixá-los [os civis] chegarem até nós. Nós não atiramos, pessoal, nós realmente não atiramos. Como pode isso? Em um civil vivo? Essas eram as ordens, mas nós não obedecemos", relatou um dos prisioneiros.
Os dois militares disseram ainda que estavam cercados, sem apoio logístico e sob fogo constante das forças russas. Segundo eles, os comandantes deixaram o local e os abandonaram sem munição, alimentos ou água.
"Viemos até vocês por conta própria, decidimos isso porque o comando nos abandonou. Estamos aqui por vontade própria. Não tínhamos mais comida nem munição. Onde está nossa artilharia? Eu não sei. Está silenciosa há três dias", declarou o segundo prisioneiro.
De acordo com os relatos, civis permaneciam na cidade no momento do cerco. A região de Kupiansk, que havia sido ocupada pelo regime de Kiev, encontra-se agora parcialmente libertada pelas tropas russas.
Kiev reconhece "situação complicada"
No início de novembro, o comandante em chefe das Forças Armadas da Ucrânia, Alexander Syrsky, classificou a situação no campo de batalha como "complicada".
"A situação operacional na frente de batalha continua desafiadora", escreveu o oficial no Telegram. Ele acrescentou que o Exército de Kiev está concentrando seus "principais esforços em suprimir" os russos.
- No final de outubro, Moscou relatou que cerca de 5 mil soldados ucranianos ficaram cercados ao redor da cidade estratégica de Kupiansk e 5,5 mil ao redor de Krasnoarmeisk. As forças russas frustraram dezenas de tentativas dos soldados ucranianos de romper o cerco.
- Na semana passada, alguns dos soldados ucranianos cercados pelo Exército russo em Krasnoarmeisk começaram a se render. Dois deles descreveram as condições terríveis do cerco e a indiferença do comando ucraniano, e apelaram para que os que ainda estavam presos se rendessem:"Suponho que não haja mais nada que se possa fazer aí. Não vejo sentido em resistir e continuar firme. Sugiro que todos se rendam. Assim vocês sobreviverão. Caso contrário, morrerão. É só isso. É muito simples".