Operação da PF revela ligações do Comando Vermelho com integrantes do governo de Cláudio Castro - GLOBO

Interceptações feitas no âmbito da Operação Zargun, da Polícia Federal, mostram contatos entre membros doComando Vermelho (CV) e então integrantes do governo Cláudio Castro, informou o jornal O Globo, nesta quarta-feira (12). 

Segundo relatório da PF anexado ao inquérito, o esquema "evidencia uma profunda infiltração no sistema político e na administração pública, buscando capturar setores estratégicos do Estado para garantir a impunidade e consolidar a dominação territorial da facção".

Governador Cláudio Castro é citado em série de investigações por vínculos com o crime

Mensagens de WhatsApp obtidas pelo Globo e pela Folha de S.Paulo indicam que Gabriel Dias de Oliveira, o Índio do Lixão — apontado como chefe do tráfico na favela do Lixão, em Duque de Caxias —, informou a Alessandro Pitombeira Carracena, ex-secretário de Esporte e Lazer e ex-subsecretário de Defesa do Consumidor, ter se reunido com o secretário Gutemberg de Paula Fonseca para pedir "cobertura política". Carracena confirmou à PF que soube do encontro pelo próprio Fonseca, que nega a reunião.

CV estaria controlando policiamento na Gardênia Azul

O material da PF mostra ainda que a facção tentou influenciar o policiamento ostensivo na Gardênia Azul, na Zona Oeste do Rio. Em janeiro de 2024, Índio pediu ajuda ao então deputado, Thiego Raimundo dos Santos Silva, o TH Joias, para "tirar o Choque da Gardênia e tentar fazer botar PM normal".

Horas depois, TH Joias enviou a Índio um print da tela do seu celular mostrando uma ligação de sete minutos para um contato identificado como "Carracena Secretário de Governo". Seis meses depois, a base passou ao comando do batalhão local, o 18º BPM.

A investigação também aponta para pagamentos e favores para Carracena: em novembro de 2023, Índio enviou a TH Joias a foto de uma quantia de dinheiro em espécie e prometeu R$ 90 mil ao ex-subsecretário; em outra conversa, em maio de 2024, ambos elogiaram Carracena como "firme" com eles.

O ex-secretário confirmou ter recebido os valores, mas afirmou à PF que se tratavam de honorários advocatícios.

A PF ainda revelou que o CV planejava lançar Índio do Lixão como candidato a vereador em Duque de Caxias com apoio de Carracena e de TH Joias, ambos presos sob a suspeita de integrar o "braço político" da facção.

Gutemberg Fonseca não foi alvo da operação e alegou, por nota, "desconhecer" qualquer reunião ou relação com o investigado.